segunda-feira, 13 de abril de 2009

PE.CORREIA DA CUNHA E OS PASTEIS DE BACALHAU

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Idolatrava os tradicionais e bem portugueses pastéis de bacalhau.




O Pe. Correia da Cunha achava que não havia nada de comparável a um bom jantar entre queridos amigos. Por essa mesma razão, fazia questão de muitas vezes se juntar para jantar em casa dos seus paroquianos mais próximos. Avisava sempre de forma antecipada pedindo que a dona da casa juntasse um pouco mais de água à sopa….todos estes amigos o recebiam calorosamente de braços abertos e para todos eles era um enorme prazer a companhia do seu prior, Pe. Correia da Cunha.



Receber o Pe Correia da Cunha era garantia de um jantar em amena cavaqueira, sem pressas e repleto daquele seu supremo talento que era transformar banalidades em coisas inteligentes (aprendia-se sempre muito com as singelas conversas de Pe. Correia da Cunha). Ainda hoje me confidenciam que recordam com muitas saudades esses jantares familiares com Pe. Correia da Cunha.









Hoje quero aqui compartilhar convosco a ‘’ameaça’’ que era receber Pe. Correia da Cunha quando lhe dava o cheiro a pastéis de bacalhau.



A entrada para a sala da mesa de refeições só era efectuada após uma arrebatada invasão à cozinha, onde se fritavam esses deliciosos e esmerados bolos de bacalhau. Pe Correia da Cunha era um insaciável por esse manjar, um verdadeiro glutão. Adorava pastéis de bacalhau, mas os da mãe de uma sua paroquiana eram sempre os melhores. Creio mesmo que desde miúdo era um fanático e devorador de pastéis de bacalhau, iguaria tão ao seu gosto e ao dos portugueses. Estou certo, se os pudesse acompanhar por um bom copo de vinho periquita, o jantar determinaria por ali na cozinha.



Por consideração e respeito aos anfitriões, lá passava à sala de refeições e as conversas seguiam alegres durante o jantar em espírito de grande amizade e fraterno convívio.



Estes frequentes jantares, nas casas de seus amigos paroquianos mais próximos, não só permitiam manter o prazer de uma apetitosa refeição, como satisfazer a necessidade de um ambiente familiar que o sacerdócio não facilitava, e que as amizades completavam.



Pe Correia da Cunha era um excelente conversador e após o jantar deixava-se levar pelos mais variados assuntos das actualidades desde a política até à religião. No final das suas longas prosas estavam todos intimamente convencidos daquilo que ele lhes transmita, e que consideravam profundos ensinamentos. Ele obrigava-os a pensar, o que era muito importante. Todos os jantares com Pe, Correia da Cunha contribuíam para aumentar os conhecimentos e abordar temas que jamais se havia pensado. Era uma fonte de sabedoria nas mais variadas temáticas.



Deixava-se levar pela noite dentro mas sempre antes de se despedir, apresentava os parabéns à excelente cozinheira e os seus mais sentidos e profundos agradecimentos ao casal anfitrião, que o recebiam sempre muitíssimo bem e com um belíssimo jantar.



Todos eles procuravam tê-lo de novo na sua casa só pelo gosto de o ouvir falar…mas em troca ficava a promessa de um nova entrada de pastéis de bacalhau.


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