quinta-feira, 7 de maio de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA - FÁBULAS DE LA FONTAINE I








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‘’ A UNIÃO FAZ A FORÇA’’





As fábulas de La Fontaine, do escritor francês Jean de La Fontaine (1621-1695), lidas e admiradas universalmente sob o ponto de vista moral encerram lições bem mais intensas face ao problema da criação artística.

Nos claustros inferiores do Mosteiro de São Vicente de Fora, encontrávamos trinta e oito painéis com a representação das fábulas de La Fontaine, onde através daquelas pinturas a azul e branco, podíamos encontrar o nosso próprio retrato…assim se referia Pe. Correia da Cunha àqueles belos e admiráveis painéis de azulejos do Séc. XVIII.




Pe Correia da Cunha gostava muito de narrar pequenas histórias, para explicar assuntos bem profundos… Muitas vezes apoiou-se nestas magníficas obras-primas da literatura para modificar e melhorar comportamentos sem recorrer a ‘‘moralismos’’ religiosos, que por vezes os jovens tinham dificuldade em compreender e interiorizar.




Os personagens destas histórias são na maioria animais que se comportam como seres humanos e representam bem os hábitos e os vícios de cada um de nós.

Eu e todos os jovens, que nos nossos tempos livres nos dedicávamos à função de cicerones do Mosteiro de São Vicente de Fora, por dever do ofício, éramos conhecedores de todas essas admiráveis fábulas, representadas nesses magníficos painéis de azulejos, de rara beleza, que revestiam as paredes dos claustros do secular mosteiro agostiniano.

Hoje iremos iniciar a apresentação das histórias dessas fábulas, que alimentaram a nossa sabedoria desde muito jovens e aguçaram o nosso sentido crítico da moral através das ilustrações excelentes destes painéis de azulejos do Séc. XVIII.


O VELHO E SEUS FILHOS

Um velho, às portas da morte,
Tomou um molho de varas,
E a seus filhos, jóias caras,
Falou-lhes por esta sorte:

‘’ Tendes forças a fartar;
E a todos quero influir
Para estas varas partir
Sem o molho desatar. ‘’

Cheio de resolução,
Tomou o molho o mais velho;
Vergou-o sobre o joelho,
Mas viu que lidava em vão.
O mais novo, pulso forte,
Entra na empresa, arrojado,
Sua por um bom bocado,
E o molho da mesma sorte!

Todos eles, um por um,
Fizeram gemer o solho;
Mas não foi partir o molho
Para as barbas de nenhum.

O velho, com placidez
Logo o molho desatando,
E as varas todas quebrando,
Cada um por sua vez,
O seu exemplo reforça
Com sentença de áureos brilhos:

‘’SEDE UNIDOS, CAROS FILHOS,
A UNIÃO FAZ A FORÇA. ‘’
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J.I. DE ARAUJO
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J
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