sexta-feira, 27 de novembro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E O AUTO DE NATAL

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‘’LAUS DEO VIRGINIQUE MARIǢ’’




‘’A primeira representação deste AUTO DE NATAL, em 24 de Dezembro 1961, só foi possível graças ao entusiasmo do Povo da Freguesia de São Vicente de Fora e à valiosíssima colaboração de Catarina Avelar, na voz de Maria, de Álvaro Benamor, na de São José e de Luís Filipe que fez o papel do Narrador.

A Pedro Lemos se ficaram a dever as suas preciosas indicações de encenação e os ensaios dos restantes figurantes – gente do povo – e à Câmara Municipal de Lisboa o alto patrocínio com que secundou a iniciativa.

Bem Hajam!

Padre Correia da Cunha’’

Em 1962, Padre Correia da Cunha publicou o seu AUTO DO NATAL.

Passados 48 anos da sua primeira representação, será publicada ao longo da Caminhada do Avento 2009 esta magnífica obra de Padre Correia da Cunha.

As feiras da ladra foram substituídas pelas grandes catedrais do consumo e os arraiais populares pelas discotecas. Certamente, Padre Correia da Cunha se hoje escrevesse esta sua obra, a Feira seria substituída pelo centro comercial e o arraial pela boite.

Mas ontem, como hoje, precisamos de corrigir o nosso percurso de vida cristã: preparando o nosso coração pecador para acolher JESUS CRISTO!

E a melhor maneira de acolhermos Jesus Cristo é viver como ele nos ensinou, com a sua palavra e a sua vida.

Enquanto foi vivo, o Padre Correia da Cunha procurava proporcionar aos mais pobres da Paróquia um NATAL mais feliz, fazendo distribuir centenas de cabazes de Natal e algum dinheiro; gesto que tive o privilégio de presenciar, testemunhar e colaborar nessa sua gratificante iniciativa.

Como era possível deixar o rasto de Jesus Cristo Menino nos irmãos mais abandonados e desprotegidos, sendo a Paróquia tão carenciada de meios materiais?

Fazia parte da missão de Padre Correia da Cunha conviver positivamente com grupos de serviço à comunidade (Lyons), com a preocupação de suscitar gestos de partilha com esta comunidade de desprotegidos de São Vicente de Fora, assim como as imensas iniciativas de solidariedade que levava a efeito na Comunidade Paroquial, porque o Natal para Padre Correia da Cunha tinha que ser para todos.

Jesus Cristo veio ao mundo para todos…






AUTO DO NATAL


NARRADOR (Dirigindo-se a toda a Assembleia):

Senhoras e Senhores,
Operários ou doutores,
Velhinhos ou crianças,
Que andais nestas andanças
A que chamamos VIDA,
- Parai aí um pouco em vossa lida
E vinde meditar neste mistério
Tão repetido pelos séculos fora!...
(Seja dito sem ofensa ou vitupério
Da pobre Humanidade pecadora.)

A acção que vai ser representada
Pode chamar-se, à bela moda antiga,
O AUTO DA ESTALAGEM OU POUSADA,
Ou, se quiserem, boa gente amiga,

Poderemos chamar-lhe assim também
(Ao jeito da moderna poesia):
ALGÚÉM LÁ FORA BATE À MINHA PORTA!...

… Qualquer designação lhe fica bem.
É só questão de gosto ou fantasia.
Mas, francamente, o nome pouco importa.
Tudo pode chamar-se
Este Auto de ONTEM, de HOJE e de AMANHÃ…
? Ou não será verdade
Que a nossa pobre Humanidade
(E até muita alma que se diz cristã)
O que sabe fazer é só fechar-se,
Mesmo quando JESUS lhe bate à porta?...
Púnhamos, pois, de parte o nome a dar
Ao Auto que se vai representar,
Que o nome, francamente, pouco importa.


Mas, atenção, ó Bons Amigos meus!
Ouçamos em silêncio e muito a sério,
Pois vai aqui tratar-se do mistério
De cada um de nós com o próprio Deus!...

Aí, nesse primeiro patamar
Desta tão bela e nobre escadaria,
Muita gente andará em gritaria,
Apenas a vender e a comprar,
Trocando os bens e … honra por dinheiro…
(Não é assim que faz o mundo inteiro?)
Oh! Que tristeza é transformar a vida
Numa FEIRA DA LADRA… e nada mais!

Nesse mesmo local,
Cantigas, algazarras e berreiros
Se ouvirão depois num ARRAIAL
De jogos vis e gozos traiçoeiros,
De alegria bruta, falsa e oca!


Oh! Que tristeza é tanta gente louca,
Pensando só em si, no seu prazer,
Esquecendo o luto e a dor que vão lá fora!..
Triste alegria a que não sabe ter
Um coração aberto p’ra quem chora!...

Mais adiante, além,
Aquela casa de aparência calma
É a nossa POUSADA DE BELÉM,
Ou, se quiserem, a figuração
Da mísera POUSADA DA NOSSA ALMA,
Que fecha a porta à própria salvação!


Aqui, ali, de lado, à frente, atrás,
São ruas e caminhos,
Estradas boas e más,
Da sempre actual ALDEIA DE BELÉM.

Cansada de uma longa caminhada,
Anda aflito um PAR DE POBREZINHOS,
Batendo a toda a porta, aqui e além,
À procura de abrigo ou de pousada,
…Que a Senhora está prestes a ser Mãe…

Será preciso pôr-se mais na carta,
Para saberem já de quem se trata?
- È JOSÉ E MARIA, pois de certo!

Não os veremos, não. Mas andam perto,
Tão pertinho de nós
Que todos ouviremos sua voz.

Um coro de homens está além, de lado,
Representando a pobre Humanidade

Que geme sob o peso do pecado
E sofre a fome da felicidade…

Ei-los sempre a pedir a salvação,
Que, afinal, não aceitam, quando vem!...

È sempre o mesmo drama de Belém,
O drama da humana condição…

Coro dos Homens:

SENHOR DEUS, MISERICÓRDIA!
(3 vezes)

Coro dos Anjos:

(Solo): GLÓRIA IN EXCELSIS DEO!
(Todos): GLÓRIA IN EXCELSIS DEO!

(Dueto): Anjinhos Celestiais,
Cantemos hinos de louvor
Ao grande infinito amor
Do SENHOR pelos mortais!


(Todos): GLORIA… etc.

(Dueto): Sabeis que se vai passar,
O que vai acontecer?
- Por um milagre sem par,
Deus na Terra vai nascer!

(Todos): GLORIA… etc.

(Dueto): Oh! Quão grande é o SENHOR!
Quão grande o poder divino!
Pois num milagre d’amor
Deus irá nascer Menino!

(Todos): GLORIA… etc.

(Dueto): E na pobre humanidade,
Surgirá divina esp’rança,
Quando (oh! Santa caridade!)
O próprio Deus for criança!

(Todos): GLORIA… etc.

(Repete-se o último coro, diminuindo até desaparecer. Entretanto, outros Anjos recitam:)

1º Anjo:

Corramos, Anjinhos!
Depressa, Amiguinhos!
Vamos todos ver
A grande alegria
Que em festa este dia
A Terra vai ter!

2º Anjo:

Deus Homem vai ser…
E que vão fazer
Na Terra os Mortais?...
Para o BOM JESUS~
Palácios de luz,
Arcos triunfais!

NARRADOR (Dialogando com o 2º Anjo):

Deus Homem vai ser.
E que vão fazer
Na Terra os Mortais?...
Ao SENHOR DA VIDA
Vão dar-lhes a guarida
Que é dos animais!...

2º Anjo (mesma cena):

Eles vão com certeza
Encher de beleza
Todos os caminhos!...
Irão’spalhar rosas
E flor’s mimosas
Para os seus pezinhos!...

NARRADOR (mesma cena):

El’s vão com certeza
Encher de tristeza
Todos os caminhos…
E em vez de mimosas
Pétalas de rosas,
Irão dar-Lhe espinhos!...

2º Anjo (mesma cena):

Que vão lá fazer
Assim que nascer
O VERBO DIVINO?...
- Vão dar-Lhe um tesouro
E um bercinho de ouro
Para o DEUS MENINO!...

NARRADOR (mesma cena):

Que vão lá fazer,
Assim que nascer
O VERBO DIVINO?...
Irão escorraça-lo,
Irão maltratá-lo
Desde pequenino!

2º Anjo:

O que vão fazer?
Pois agradecer,
Cantando de amor…
E assim nosso Deus
Verá que nos céus
Não se está melhor!

NARRADOR:

O que vão fazer,
Quando Deus nascer,
Será um horror!...
E assim o ETERNO
Terá um inferno
De amargura e dor!...

1º e 2º Anjos

JESUS vai nascer!
Vamos todos ver
O que lá se faz…
De certo na Terra
Acaba-se a guerra
E haverá só paz!

……
……

NARRADOR (Dirigindo-se à Assistência):

Enquanto lá no Céu reina a alegria,
Há festa e regozijo
Pelo mistério que se vai passar,
Haverá cá na Terra algum juízo
Capaz de despertar
Amor ou simpatia
Ou mera compaixão?...
Haverá neste mundo alguém que queira
Ofertar uma cama ou uma esteira
Ao CASAL PEREGRINO,
Para que o SENHOR DEUS,
Que os Anjos adoram lá nos Céus,
Possa entre nós nascer feito MENINO?...

Vamos a ver, Irmãos, vamos a ver
Se os homens sempre arranjam um cantinho,
Inda que muito humilde e pobrezinho,
Onde o SENHOR DOS CÉUS possa nascer!

(Dirigindo-se aos Feirantes:)

Eh! Lá! Vocês, que são negociantes,
Compradores e feirantes,
Instalem-se p´raí na vossa lida
E façam normalmente a vossa vida!

(Para a Assistência:)

Serão estes capazes de escutar
Os apelos de DEUS que vem rogar
Um cantinho qualquer onde nascer,
Feito mortal como qualquer de nós?
Serão eles capazes de dizer
Que sim à Sua voz?...


(Filosofando:)

Ah! O dinheiro tem um tal encanto,
Desperta tal cobiça,
Prende e fascina tanto,
De tal modo enfeitiça,
…Que os pobres homens a que el’ seduz
Não são capazes de escutar JESUS!


Ah! Os negócios fazem tais ruídos
E a ganância faz tanto escarcéu,
… Que eu não sei bem se eles terão ouvidos
Capazes de entender a voz do Céu!...

Continua – 2º acto - A FEIRA
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E O SILÊNCIO

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‘’É PRECISO OUVIR O SILÊNCIO…’’



Pe. Correia da Cunha, nos anos sessenta, quando regressava a casa, perto da meia-noite e havia um velório na casa mortuária da paróquia, aproveitava para apresentar sempre uma palavra de conforto e profunda amizade aos familiares mais próximos do defunto e fazer um momento solene de oração com todos os presentes.

No final recomendava que se encerrasse a câmara ardente e que todos procurassem descansar um pouco, pois os sacrifícios desprendidos com o seu ente querido já teriam sido bastante penosos e dolorosos. Agora, ele já estava em Paz e nos braços do Pai; apenas precisava das nossas orações.

Naquele tempo, esta proposta era energicamente recusada, a tradição não permitia que o falecido ficasse sem a última companhia dos seus familiares mais próximos. Passados quarenta anos aquele desejo sincero de Padre Correia da Cunha é um dado adquirido em todas as comunidades. Padre Correia da Cunha via sempre mais à frente…


Padre Correia da Cunha aproveitava também para com a sua habitual frontalidade chamar atenção e reprovar freneticamente aquele ‘’chavascal’’, que lhe metia dó. Grande parte dos presentes, naquele espaço, aproveitavam para pôr em dia, as amizades que não eram vistas há muito tempo. Falava-se do fulano que também morreu assim… do sicrano que morreu não se sabe como… porque a vida é uma roda… porque só morrem os bons… Todos sabemos que nestas alturas, como toque de arte e magia, toda a gente que morre é transformada numa excelente pessoa …e havia até quem aproveitasse para pôr o desporto e as anedotas em dia. Estes comportamentos chocavam Padre Correia da Cunha e daí a sua profunda indignação.

Para Padre Correia da Cunha aquele local era de respeito, silêncio e oração. A ocasião deveria ser aproveitada, para em silêncio absoluto, pedirmos ao Pai que acolhesse aquele nosso irmão e que ele intercedesse por nós junto do Pai de misericórdia. Para Padre Correia da Cunha, naqueles momentos, era muito importante ouvir o silêncio…

Escrevo este post, com uma grande dor e amargura na minha alma, com a partida para o Pai do meu querido e amigo sobrinho, António José Gregório Pina Calado (1961-2009), mas com uma grande certeza e convicção que ele já está junto de Deus.


Uma vasta multidão dos seus bons amigos congregou-se ontem na capela da ressurreição dos Olivais, para lhe prestar uma sentida homenagem e lhe dizer o seu último ‘’adeus’’. Havia motivo para todos sentirem a tristeza nos seus corações, mas apreciei a sobriedade, respeito e silêncio daquele imenso punhado de jovens que o quiseram acompanhar até à eternidade.

Ali, naquele local senti que Pe. Correia da Cunha aproveitaria para fazer um delicado elogio e não uma reprimenda. Pois tudo era muito diferente, havia respeito, silêncio e oração.

Não será esquecido nos nossos corações onde permanecerá com eterna gratidão. Ele será mais um amigo, que contamos no céu para nos ajudar atingir a felicidade plena, se possível nesta peregrinação terrestre.

O Tó Zé dorme hoje um sono sagrado… uma vez que os bons homens nunca morrem e junto de Santo António de Lisboa - nosso padroeiro, São José Operário - nosso protector e São Gregório - nosso modelo de virtudes, continuará a manter e a fortalecer em cada um de nós, que somos seus amigos, uma perene amizade.


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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA A ‘ALMA’ DAS COISAS...

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‘’ Seremos dignos… das maravilhas de Deus’’


Para Padre Correia da Cunha as coisas tinham ‘alma’.Quando adolescentes e arrebatadamente batíamos uma porta, éramos de imediato energicamente advertidos e levados a descobrir tudo o que aquela porta reflectia e o seu encantador processo de transmutação.
Padre Correia da Cunha começava assim:

- Um dia uma pequena semente foi lançada à terra. A semente absorveu a água do meio, aumentou de volume e consequentemente irrompeu a raiz na direcção do solo e no sentido oposto desenvolveu-se um pequeno caule folhoso. O sol e a chuva ajudaram a crescer aquele pequeno arbusto. Foram muitas primaveras e muitos invernos para que o pequeno caule se desenvolvesse e se tornasse numa grande e bela árvore.

Quando dava este ''sermão'', Padre Correia da Cunha lembrava um provérbio japonês que dizia: ‘’Um carvalho leva 300 anos a crescer, 300 anos a manter-se adulto e 300 anos a morrer’’.

Na natureza as árvores eram muito importantes, porque era no seu habitat que se abrigavam muitos seres. Davam frutos para alimentar os animais e produziam madeira de excelente qualidade.

Quando adultas, os homens procediam ao seu corte e com os seus troncos eram efectuadas excelentes tábuas de madeira, que com grande arte, dedicação, esforço e amor do trabalho, os carpinteiros transformavam em magníficas peças de arte. A esta porta, que é uma maravilha, foi-lhe atribuída a função de proteger esta sala. A própria cor que lhe foi dada, o desbotamento dessa cor, as nódoas… repare-se, veio de fora, e é isso que, mais que a sua essência de madeira, lhe dá a ‘alma’. O íntimo dessa ‘alma’, que é o ser porta, também lhe foi dado de fora, e constitui a sua personalidade…

- Vocês, umas bestas, com toda essa violência, querem destruir a adorável, amorosa e morosa obra do Criador e dos homens nossos irmãos!

Pergunto:

- Sereis dignos de utilizardes as coisas maravilhosas que Deus coloca ao vosso dispor?


Hoje, creio que não havia erro humano de Padre Correia da Cunha em atribuir ‘alma’ às coisas que chamamos inanimadas.
Padre Correia da Cunha aprendera desde muito jovem a ter o maior respeito e cuidado pelas coisas, que lhe eram colocadas ao seu serviço.

Quero recordar hoje a história que sempre acrescentava, para melhor apreendermos esta sua maravilhosa prelecção:

- Monsenhor Pereira dos Reis, reitor do meu seminário, mandava colocar maçanetas em madeira de balsa nas portas dos dormitórios. Este tipo de madeira leve apresentava uma fraca resistência. Não suportava e destruía-se perante uma força violenta por parte dos jovens seminaristas. Desta forma todos éramos educados a procederemos à abertura das portas com muita delicadeza e suavidade, caso contrário ficaríamos condenados a não poderemos entrar nessas dependências do seminário.

Como já referi Padre Correia da Cunha recordava com muito respeito e especiais saudades seu grande educador e pastor de jovens. Todos os seminaristas do seu tempo lhe reconheciam a sua maneira viva de formar inteligências. Padre Correia da Cunha procurava ser seu seguidor nesses domínios.




O EXAME DE CONSCIÊNCIA IV



Deveres dos estudantes

- Fui respeitador e obediente para com os meus mestres?
- Estudei com seriedade? Aproveitei bem o tempo?
- Estudei por amor ao saber ou unicamente para passar o ano?
- Critiquei, sem gravíssimas razões, os meus professores?
- Fomentei a indisciplina e a leviandade?
- Trabalhei com o desejo de realizar amanhã os planos de Deus, ou apenas pelo orgulho de saber, por vaidade?
- Fui preguiçoso?
- Troquei os livros de estudo, por livros maus ou mesmo só de distracção?
- Troquei o dever pelo cinema ou por outros espectáculos?
- Perante os colegas, tomei consciência das minhas responsabilidades e ajudei-os a tomar consciência das suas?
- Fomentei conversas indecentes ou irreverentes?
- Fui e desencaminhei algum colega para lugares suspeitos?
- Procurei fomentar a boa camaradagem e a união entre todos?


Deveres dos pais para com os filhos

- Procurei conhecer bem cada um dos meus filhos?
- Estimo-os a todos igualmente ou tenho preferências injustificáveis?
- Tenho tido o cuidado em os alimentar, vestir e calçar consoante o nível social da nossa família?
- Fui exagerado neste ponto, cultivando os meus caprichos?
- Obrigo-os com mão amiga mas firme a cumprirem os seus deveres e a cuidarem de suas coisas, ou tenho-os substituído nos seus trabalhos?
- Dou-lhes demasiadas facilidades ou demasiado dinheiro?
- Soube fazer respeitar em mim a autoridade de Deus?
- Admoestei-os ou castiguei-os procurando realmente o seu bem? Ou fi-lo por paixão, sem o necessário domínio dos meus nervos, apenas para mostrar a minha superioridade?
- Fui indulgente para com as suas criancices, ou demasiado severo?
- Para com as faltas graves de carácter ou de moral tive a necessária severidade ou fui demasiado indulgente?
- Procurei conquistar-lhes a confiança? Desabafam comigo? Se o não fazem, porque é?
- Tenho procurado educá-los na franqueza e na generosidade?
- Fomentei neles a dedicação à família e a caridade e amizade sã fora dela?
- Vigiei a influência de fora, da escola, das companhias, do emprego, etc.?
- Tenho-lhes dado sempre o bom exemplo quer na vida religiosa, quer na vida moral e social?
- Tenho dado toda a compreensão e colaboração á minha mulher (ou ao meu marido) diante deles?
- Desautorizei minha mulher (ou o meu marido)?
- Procurei educar e dirigir a liberdade e personalidade dos meus filhos, principalmente dos adolescentes? Mostrei ter confiança neles, embora vigiando discreta mas lealmente o uso dessa liberdade?
- Pu-los de sobreaviso no que respeita ás crises de idade? Preparei-os para elas com delicada franqueza?
- Embora discretamente vigiei e dirigi as suas leituras e escolhi os seus divertimentos e espectáculos?
- Preocupei-me com as suas companhias?
- Tenho orientado devidamente a sua personalidade e a sua vocação? A respeito desta, esqueci-me alguma vez de que os filhos que Deus me deu não vieram ao mundo para fazer a minha vontade, mas a de Deus?
- Tenho tido o devido cuidado na sua formação e na sua prática religiosa?
- Aos filhos casados, tenho-lhes respeitado a sua autonomia?
- Não me meto demasiadamente na sua vida?
- Tenho tido ciúmes dos genros ou das noras? Fiz ou disse alguma coisa que os pudesse dividir?
- Se sou avô, não tenho tido demasiada vaidade nos meus netos? Não os tenho estragado com mimos? Tenho procurado manter as cristãs tradições da família?


Deveres dos esposos

- Amo verdadeiramente a minha mulher (ou o meu marido)?
- Procuro na verdade o seu bem, a sua alegria?
- Procuro que haja entre nós uma verdadeira compreensão e conhecimento da nossa personalidade?
- Preocupo-me com os seus gostos, com os seus desejos?
- Preocupo-me a sério com a sua saúde e o seu bem-estar?
- Acredito sinceramente na sua dedicação por mim, mesmo quando se não traduz em manifestações sensíveis?
- Sobrepus o amor à minha mulher (ou ao meu marido) a qualquer outra afeição, mesmo ao amor pelos filhos?
- Evitei-lhe todos os trabalhos desnecessários?
- Interessei-me pela sua vida religiosa e pelos seus problemas, profissionais, sociais e domésticos?
- Fomentei e favoreci uma verdadeira comunhão espiritual entre nós?
- Fomentei os seus esforços na prática da virtude e mesmo dos seus trabalhos?
- Tenho rezado com ela (ou com ele) e por ela (ou por ele)?
- Fui egoísta, caprichoso, impaciente?
- Tenho sido gastador?
- Tenho cuidado do meu arranjo pessoal e no arranjo da casa?
- Tenho evitado todo o motivo de discórdia?
- Fui fiel à minha mulher (ou ao meu marido) por pensamentos palavras e obras?
- Impedi ou permiti fosse impedida a fecundidade conjugal?
- Aconselhei, consenti ou colaborei em abortos?
- Alimentei amizades perigosas?


Deveres do cidadão

- Procuro sinceramente o bem do meu país?
- Cumpri escrupulosamente os meus deveres de cidadão?
- Votei segundo os ditames da minha consciência, procurando o bem da Cristandade e do meu país?
- Paguei honradamente os impostos?
- Aceitei responsabilidades públicas, quando isso foi do interesse da minha Pátria?
- Procurei agir e julgar como cristão os negócios públicos?
- Favoreci por todos os meios ao meu alcance a união, a concórdia e a paz entre os meus concidadãos?
- Alimentei a má-língua e o boato?
- Procurei privilégios e favoritismos?
- Servi-me de empenhos ou da minha situação para obter benesses que não me competiam?
- Servi-me do suborno para alcançar quaisquer regalias?


Deveres dos operários ou empregados

- Realizei conscienciosamente o meu trabalho ou serviço? Ou fui preguiçoso?
- Colaborei gostosamente com os meus chefes?
- Fui desobediente?
- Realizei o meu trabalho com a consciência de ser um colaborador de Deus na obra da transformação do mundo?
- Fui bom camarada, solidário e caritativo para com os outros?
- Trabalhei por fomentar o bem-estar e a paz entre todos?

- Procurei ser prestável a todos?
- Disse mal dos meus camaradas ou caluniei-os junto dos chefes?
- Critiquei os meus camaradas ou murmurei deles?
- Dei a todos, e especialmente aos mais novos, o bom exemplo do cumprimento do dever e da dedicação ao trabalho?
- Tive conversas obscenas ou maliciosas?







Deveres dos militares

- Amo sinceramente a minha Pátria?
- Tenho procurado conhecer os meus deveres de seu defensor?
- Tenho honra em servi-la como guarda das fronteiras, da justiça e da paz dentro e fora delas?
- Tenho cumprido os regulamentos da vida militar?
- Respeito, estimo e obedeço aos meus superiores?
- Faço os exercícios militares, mesmo os mais enfadonhos, com consciência de que me preparo para melhor servir os interesses de toda a Nação?
- Esquivo-me aos serviços e aos exercícios com manhas e mentiras?
- Respeito e estimo todos os meus camaradas, mesmo os menos simpáticos, não só por ser cristão, mas até porque só a união e a colaboração entre todos é garantia da força de um exército?
- Procuro ser bom camarada e prestável a todos? Procuro compreendê-los, principalmente aos meus inferiores?
- Evito conversas de má-língua, ou, pelo contrário provoco-as e alimento-as?
- Tenho tido ou admitido conversas indecentes ou obscenas?
- Cometi excessos na comida ou na bebida?
- Li ou dei a ler livros ou quaisquer publicações contrárias à religião ou à moral? Divulguei imagens obscenas? Ou guardei-as?
- Foi paciente com os meus camaradas?
- Irritei-me com algum? Estou zangado ou de relações cortadas com algum deles?
- Recusei fazer as pazes com algum?
- Ofendi algum com palavras ou gestos?
- Andei à pancada com algum?
- Fui a casas suspeitas? Incitei outros a irem lá? Tenho o mau hábito de as frequentar? Fiz alguma coisa para acabar com esse mau hábito?
- Tirei alguma coisa a alguém?
- Denunciei ou caluniei algum camarada?
- Defendi a honra e a fama de todos?
- Dei a todos o bom exemplo na prática cristã, na vida moral, no serviço e na disciplina?


Deveres dos chefes e patrões


- Pago aos meus empregados ou operários o salário justo, legal e humano?
- Interesso-me pela sua vida particular e pela sua situação familiar?
- Procuro conhecer cada um deles e as suas dificuldades morais e materiais? Faço-o com a devida delicadeza e descrição?
- Interesso-me pela sua saúde e bem-estar dentro e fora do trabalho?
- Favoreço e facilito a sua vida religiosa?
- Respeito a sua autonomia e a sua personalidade?
- Favoreço a sua instrução profissional e a cultura em geral?
- Considero-os como meus irmãos?
- Falo-lhes com delicadeza e respeito? Ou mostro-me soberbo e distante? Ou tenho familiaridades condenáveis sobretudo com empregadas?
- Procuro conhecer os meus deveres de chefe ou patrão cristão? Conheço a doutrina social da Igreja?


Terceiro: DEVERES PARA COMIGO MESMO

- Tenho sido simples natural?
- Deixei-me levar pelo orgulho ou vaidade?
- Quis ter sempre razão?
- Aceitei as críticas e observações com bom espírito?
- Reconheci com humildade as minhas faltas ou defeitos?
- Fui hipócrita ou fingido?
- Menti por covardia, simulação ou vanglória?
- Fui desinteressado a respeito dos bens terrenos?
- Fui gastador, perdulário? Ou foi avarento?
- Foi generoso para com os pobres?
- Contribui, na medida das minhas posses, para as obras do culto, da caridade e do apostolado? Contribui para as missões?
- Respeitei o meu corpo cumpri os deveres? De higiene e tive os devidos cuidados com a minha saúde?
- Respeitei o meu sexo? Ou fiz actos impuros sozinho ou com pessoas de um ou outro sexo?
- Se tenho esse mau hábito, combati-o e fugi das ocasiões?
- Afastei com a devida prontidão maus pensamentos e maus desejos?
- Assisti a espectáculos perigosos ou imorais?
- Li publicações contrárias à religião ou à moral?
- Demorei a vista em imagens obscenas?
- Respeitei as raparigas e mulheres como gostaria fossem respeitadas as minhas irmãs, a minha mãe ou as minhas filhas?
- Fui provocante ou causa voluntária de tentação, no meu porte, vestuário, conversas ou atitudes?
- Mantive namoros perigosos ou levianos?
- Tenho procurado dominar meus nervos e sensibilidade?
- Excedi-me no vinho ou na comida ou no luxo?
- Fui glutão ou guloso? Se tenho essa tendência, combati-a?
- Fui covarde? Assumi sempre as responsabilidades que me cabiam?
- Tenho procurado organizar o meu trabalho de modo a dispor bem do meu tempo?
- Perdi tempo inutilmente? Foi preguiçoso?
- Organizei o meu horário e procuro cumpri-lo?
- Cumpro os meus deveres religiosos com devoção e amor?

É claro que se poderia esquadrinhar mais e mais… E haveria sempre matéria de arrependimento.

Mas fiquemos por aqui, Irmão!

Texto: Padre José Correia da Cunha

Fotos: Corpo de marinheiros


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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E O EXAME DE CONSCIÊNCIA III

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‘’ A música tinha que estar em harmonia com a existência do momento…’’






Os livros e a boa música eram duas das suas grandes paixões. Creio que houve na vida de Padre Correia da Cunha uma grande mulher que o ensinou a conhecer e apreciar a boa música.


Lembro-me de vê-lo triste, naquela manhã de Domingo do dia 24 de Maio do ano de 1969, em que celebrou as exéquias da maestrina Olga Violante(1903-1969) (1), sua dedicada madrinha e sua grande referência no campo coral e musical. Essa grande Senhora esteve ligada à sua vocação desde a sua tenra infância …era a sua magnânima protectora.




Padre Correia da Cunha também foi um tutor de muita da juventude de São Vicente de Fora, gerando em muitos de nós o gosto pela música clássica e de órgão através dos muitos concertos que se realizavam na igreja paroquial. Ficará para sempre na nossa memória a suas explicações despretensiosas na defesa do culto da boa música. Para se gostar, era necessário entender pois ninguém pode amar aquilo que desconhece. Padre Correia era verdadeiramente um grande mestre no domínio musical.

Padre Correia da Cunha dominava como ninguém a arte musical e a sua superior inteligência fazia brotar o amor pela boa música em todos nós. Ficarão inesquecíveis as longas noites que passámos na companhia de Padre Correia da Cunha, efectuando gravações no seu extraordinário gravador de bobines de fita para passar como fundo musical no templo. Muita gente ficava horas, sentada nos longos bancos, a ouvir estas fantásticas selecções de música sacra que eram sentidas como autênticas e sublimes magias e de elevação ao transcendental.

As celebrações penitenciais comunitárias tinham por parte de Padre Correia da Cunha a grande preocupação de serem envolvidas em boa música sacra de reconhecida superioridade. Era nesse clima que cada um de nós em espírito de reflexão profundo ia esgravatando a sua consciência e exercitando a busca de novos comportamentos perante Deus, os outros e consigo próprio.

Pensando nesses belos sons que nos ajudastes a descobrir apenas nos resta duas palavras: Obrigado e Saudades.


 




















PECADOS CAPITAIS
1º Soberba
- Fui orgulhoso ou soberbo?
- Por pensamentos, palavras ou obras, desprezei o meu semelhante?
-Foi obcecado ou teimoso na defesa dos meus pontos de vista em assuntos discutíveis?
- Fui vaidoso?
- Fiquei melindrado ou sou facilmente susceptível por ninharias que ferem a minha vaidade?
- Fui exagerado no luxo e ostentação?

2º Avareza
- Tive demasiado apego ao dinheiro e aos bens materiais?
- Auxiliei os pobres e necessitados consoante as minhas posses? Ou quis enganar-me a mim mesmo desculpando-me para os não auxiliar?
- Cometi algum acto de suborno para me locupletar?

3º Luxúria (Incluído no 6º e 9º Mandamentos da Lei de Deus).

4º Ira
- Tive movimentos de ira ou cólera nas adversidades?
- Tenho sido descontrolado nas minhas reacções com os outros?
- Fui impaciente sobretudo com os meus inferiores?
- Respondi torto ou com dureza?
- Fui paciente com os pobres e enfermos?

5º Gula
- Tenho comido ou bebido em excesso, ou apenas pelo prazer do paladar?
- Tenho feito exercícios de autodomínio e de sacrifício nesta matéria?
- Tenho cumprido as leis da abstinência e do jejum?

6º Inveja
- Invejei os bens ou sorte dos outros?
- Tive inveja dos seus triunfos sociais, morais ou espirituais?
- Tive inveja do seu bem-estar ou das suas notas nos cursos?
- Mostrei-me ou senti-me contente com os seus males?

7º Preguiça

- Fui preguiçoso nos meus actos ou no meu serviço?
- Deixei de cumprir os deveres do meu estado ou da minha profissão, por preguiça?
- Desperdicei o tempo?
- Procurei trabalhos mais fáceis com prejuízo dos meus companheiros?
- Servi-me de manhas para não realizar as tarefas que me competiam?


DEVERES PRÓPRIOS DO MEU ESTADO
Cada estado na vida tem deveres que lhe são próprios.

Um médico, por exemplo, tem obrigações diferentes de um carpinteiro ou de um soldado; um homem casado tem deveres especiais para com a sua mulher e para com os seus filhos; um militar tem deveres especiais para com a Pátria, para com os seus superiores e para os seus iguais ou inferiores, etc.

Por isso cada pessoa deve examinar-se nesta matéria com muito cuidado, pois há deveres gravíssimos, que muitas vezes são postos de parte e que ofendem a Deus gravemente.

Uma sentinela que abandona o seu posto, comete uma falta grave. Um médico que, por preguiça, não vai tratar de um doente comete também uma falta grave. Um pai que não deixa ir o filho à catequese ou à escola, comete também falta grave, etc.

SEGUNDO MÉTODO DE EXAMINAR CADA UM A SUA CONSCIÊNCIA(Cada um deve examinar-se, confrontando a sua vida com os deveres que tem para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo).

Primeiro: DEVERES PARA COM DEUS
- A minha vida cristã progrediu ou recoou?

No que respeita à Fé:

- Procurei conhecer cada vez mais a Deus e à sua doutrina?
- Desperdicei alguma ocasião de me instruir ou esclarecer nos assuntos da minha Fé?
(Leituras, pregações, Cursos de Religião, etc.)
-Evitei leituras, conversas, espectáculos prejudiciais á minha Fé?
-Procurei esclarecer a minha consciência a respeito de dúvidas que tive ou que me expuseram?
- Tive vergonha ou respeitos humanos em me confessar publicamente cristão; em participar em actos do culto público?
- Desculpei-me com subterfúgios, quando era preciso coragem para me mostrar como cristão?
- Aceitei como vindas das mãos de Deus as contrariedades e dificuldades da vida?
- Aceitei como uma participação na Cruz de Cristo?

No que respeita aos actos religiosos:
- Rezei as orações da manhã e da noite?
- Tenho cultivado o hábito da oração e da presença de Deus em mim, durante o dia?
- Tenho conseguido arranjar tempo para consagrar a Deus? Ou tenho contado avaramente os minutos que dou ao Senhor?
- Tenho rezado apenas para pedir favores, ou também para adorar, dar graças, bendizer, aceitar a Cruz e a amar a Deus?
- Nos actos de culto preceituados (Missa dominical, Confissão e Comunhão anuais) procurei estar atento e devoto?
- Fi-los nas devidas disposições em devido tempo?
- Tenho procurado participar nos actos litúrgicos com a consciência esclarecida acerca do que se está a fazer?
- Faltei á Missa Dominical? Quantas vezes sem motivo grave?
- Tenho procurado fazer do Domingo o Dia do Senhor, consagrando-o a actos de piedade e à vida de família?
- Facilitei e favoreci aos outros, principalmente inferiores, a prática dos seus deveres religiosos?
- Tenho recorrido com frequência aos Santos Sacramentos?

No que respeita à Esperança:

- Tive confiança em Deus e na sua Divina Providência?
- Recorri ao auxílio de Deus nos momentos de tentação e de desânimo?
- Contei apenas com as minhas forças para a prática da virtude?
- Deixei-me levar pelo desespero?
- Fui presunçoso no que toca à minha salvação?

No que respeita à Caridade:

- Amo de verdade a Deus sobre todas as coisas?
- De facto, prefiro Deus ao dinheiro, ao conforto, aos prazeres, ao desporto, à política, à profissão?
- Nos outros, procuro ver pessoas criadas à imagem, à semelhança de Deus?
- Tenho amado os outros por amor de Deus?
- Em todos, mas principalmente nos inferiores e subordinados, tenho visto sempre filhos de Deus, e tenho-os tratado com consideração devida a essa honra deles?
- Tenho manifestado o meu amor a Deus, confiando-lhes a minha vida e as minhas preocupações? Tenho pedido a divina ajuda para a sua solução?


Segundo: DEVERES PARA COM OS OUTROS
Em geral

- Tenho-me preocupado com os outros?
- Tenho passado e procurado cumprir os meus deveres para com os meus superiores, iguais e inferiores?
- Procuro ajudar os outros, prestando-lhes os meus serviços, sobretudo quando necessitados ou pobres?
- Procuro fazer-lhes bem e ajudo-os a fazerem o bem e a fazerem bem os seus serviços?
- Procuro compreender os outros e as suas dificuldades? Tentei ajudar a resolvê-las?
- Dei bom exemplo aos outros, principalmente nas conversas, nas acções e nas atitudes?
- Guardo ódio, rancor ou mesmo antipatia com alguém?
- Fui áspero, rude ou malcriado com alguém?
- Bati, feri, matei ou maltratei alguma pessoa?
- Ofendi a honra o bom-nome ou a boa fama de alguém?
- Recusei reconciliar-me com o próximo?
- Levantei falsos testemunhos ou calúnias?
- Desprezei alguém? Mostrei-me soberbo ou vaidoso, sobretudo com inferiores, os pobres ou necessitados?
- Invejei os bens ou sorte dos outros? Tive inveja das suas qualidades ou seus triunfos?
- Alegrei-me com o mal do próximo?
- Dei em toda a parte e em todas as circunstâncias testemunho de que sou cristão?
- Da minha vida que conclusões podem tirar os não cristãos a respeito do Cristianismo?
- Respeitei como sagrado o que é dos outros, do serviço ou da empresa onde trabalho?
- Cumpri os meus deveres de generosidade e de caridade?
- Cumpri os meus deveres de justiça? Paguei o que devia em devido tempo?


Deveres dos filhos para com os pais
- Amo e tenho demonstrado o meu amor para com os meus pais?
- Procuro dar-lhes prazer e alegria? Ou tenho sido egoísta e malcriado?
- Tenho tido e demonstrado confiança neles, pedindo-lhes o seu conselho e ajuda nas minhas dificuldades?
- Tenho-os interessado na minha vida! Interesso-me pela deles e pela de meus irmãos e demais parentes?
- Censurei-os ou disse mal deles?
- Tenho respeitado os meus pais e parentes ou tenho sido grosseiro para com eles?
- Tenho suportado com paciência os seus defeitos e fraquezas?
- Tenho aceitado as suas censuras e admoestações com a devida humildade?
- Fui desobediente a meus pais e aos meus superiores?
- Procurei obedecer com gosto?
- Menti a meus pais para me desculpar de qualquer falta ou apenas pelo prazer de enganar?
- Ludibriei a obediência que lhes devo?
- Revoltei-me contra a sua autoridade ou contra as suas pessoas? Cheguei, por desgraça, à violência?
- Tenho contribuído para o bem-estar espiritual, moral e material dos pais e de toda a família?
- Fui cuidadoso nos serviços que devo prestar em casa?
- Fui moderado nos gastos e nos pedidos de dinheiro?
- Fiz do lar uma pensão e dos meus pais e irmãos uma espécie de criados?
- Se meus pais estão já idosos, tenho-os ajudado moral e materialmente, cumprindo alegremente este dever, ou faço-o com muito custo e contra-feito?
- Tenho tido vergonha da modéstia de vida, ou mesmo pobreza de meus pais e demais parentes? Desprezei-os alguma vez por esse motivo?
- Se estou afastado deles, tenho-lhes escrito com a devida frequência? Tenho-lhes enviado provas concretas do meu amor filial?
- Zanguei-me ou estou de relações cortadas com algum membro da família?
- Nas questões de mal-entendidos, tenho procurado pôr-me no lugar dos outros para melhor compreender os seus pontos de vista? Tenho procurado diligentemente a paz de todos?
- Na vida moral e religiosa, tenho dado sempre o bom exemplo?
- Tive ou tenho inveja de algum membro da família, da sua sorte ou dos seus triunfos?
- Para com os avós, fui paciente, respeitador, obediente, amável?
- Fiz do domingo o Dia do Senhor e da Família, ou foi egoísta sacrificando a alegria da convivência de todos aos meus gostos e caprichos, mesmo legítimos?

Texto: Padre José Correia da Cunha

Continua…

Deveres dos estudantes – Deveres dos Pais para com os filhos – Deveres dos esposos – Deveres do cidadão – Deveres dos operários ou empregados – Deveres dos militares – Deveres dos chefes e patrões
(1) - Olga Violante – maestro notável com carreira internacional, a partir de 1964 foi-lhe confiada a direcção do Coro Gulbenkian.

Fotos: Base Naval do Alfeite

















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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PE. CORREIA DA CUNHA E O EXAME DE CONSCIÊNCIA II

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’Ilusões de um Padre que sonhava mudar o mundo …’’


As celebrações penitenciais, que Padre Correia da Cunha realizava nos tempos fortes do Ano Litúrgico, eram muito participadas pelos seus queridos e estimados paroquianos. As suas preparações eram muito cuidadas. Padre Correia da Cunha procedia sempre à elaboração de um extenso e reflectido GUIÃO onde incluía os grandes pecados sociais, que eram sentidos nesse momento. Para Padre Correia da Cunha o pecado poderia ser um acto individual, mas a sua repercussão implicava sempre o próximo. Afectando o próximo, a Comunidade que partilhava ideais comuns, também era atingida. A celebração penitencial comunitária era o local e o momento certo para aproveitarmos também para nos reconciliarmos uns com os outros, com nós próprios e obviamente com o Pai que nos aguardava para aquele abraço que nos enchia de alegria, de paz e de luz.

Um pedido de desculpas em público era significativamente reforçado e a atitude de mudança era profundamente mais sentida e comprometedora.

Este Guião foi elaborado por si para os seus marujos no ano 1960. Sei que existem dezenas de Guiões para Celebrações Penitenciais, idealizados pelo Padre Correia da Cunha em função da vivência própria do tempo. Todos ficaríamos mais ricos com a publicação dessas magnificas peças de prosa e grande espiritualidade. Pergunto, onde estarão esses guiões?

Em Janeiro de 1977, quase no final da sua vida, assisti à destruição pelo fogo de muitos dos seus arquivos, carinhosamente construídos ao longo da sua vida sacerdotal.
Interrogado por mim, Padre Correia da Cunha sobre esse seu acto imprevisível, obtive como amaina resposta:

’ Tudo isto são ilusões… de um padre que imaginou durante uma vida em transformar o mundo…hoje, sente-se excessivamente cansado de o não ter conseguido… ‘’

Como sabemos Padre Correia da Cunha faleceria no dia 2 de Abril de 1977. Se foi seu amigo, faça a sua adesão a este blogue e envie documentação para publicação. É a forma de homenagear esta grande figura.





4º Mandamento – Honrar pai e mãe ( e os outros legítimos superiores).

- Faltei ao amor e ao respeito que devo a meus pais e aos meus superiores?
- Desobedeci-lhes?
- Causei-lhes desgosto deliberadamente?
- Procurei evitar-lhes aborrecimentos?
- Ajudei-os nas suas necessidades?
- Tenho rezado por eles?
- Tenho tido caridade e paciência para com os meus irmãos, parentes e iguais?
- Tenho escrito aos meus pais com certa frequência?

Deveres dos pais e superiores

- Fui descuidado em ajudar os meus filhos a rezar?
- Tenho tido o devido cuidado em lhes ensinar a doutrina?
- Vigiei-os, repreendi-os e corrigi-os com amor sem deixar de ser firme e decidido?
- Dei-lhes sempre o bom exemplo na prática religiosa, nas conversas, nas atitudes, na vida moral, em geral?
- Tenho-me preocupado com as suas companhias?
- Tenho-lhes proporcionado divertimentos sãos?

Deveres dos empregados

- Tenho faltado ao respeito para como meus superiores?
- Tenho-lhes desobedecido?
- Abusei alguma vez da sua confiança?
- Perdi o tempo que devia dedicar ao seu serviço ou ao cumprimento das suas ordens?
- Fui negligente ou preguiçoso no trabalho ou serviço?

Deveres dos militares

- Tenho cultivado o amor pela minha Pátria?
- Tenho procurado servi-la, cumprindo as missões que me são confiadas, por mais simples que sejam?
- Fui reverente para com os meus superiores, sem adulações nem hipocrisias?
- Tenho cumprido escrupulosamente os regulamentos militares?
- Tenho feito o serviço com dedicação e com consciência de que me preparo para servir a Nação onde Deus me quis?
- Procuro observar toda a disciplina militar?

- Tenho sido bom camarada? Respeitei o que pertencia aos outros? Respeitei as suas pessoas e a sua honra ou fama? Descarreguei para os outros os serviços que me competiam? Tenho admitido conversas indecentes? Tenho alimentado tais conversas?
- Tratei com respeito os meus subordinados?
- Exigi-lhes disciplina e obediência com decisão e firmeza, mas também com consideração que devo a filhos de Deus?
- Dei-lhes maus exemplos nas conversas e nas acções?

Deveres dos patrões e superiores

- Faltei à justiça para com os meus trabalhadores ou subordinados não lhes dando o que lhes era devido?
- Castiguei-os com injustiça?
- Fiz maus juízos a respeito deles ou tomei atitudes desagradáveis para eles, de ânimo leve?
- Tratei-os com a devida caridade e paciência, como filhos de Deus e meus irmãos?
- Velei pelo seu bem-estar moral e físico?
- Procurei ajudá-los com bons conselhos?
- Interessei-me pelos seus problemas, morais e materiais?
- Favoreci-lhes o cumprimento dos seus deveres religiosos?

5º Mandamento – Não matar (nem causar outro dano no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).

- Matei, feri ou magoei deliberadamente alguém?
- Guardo ódios ou rancores?
- Sinto desprezo pelo próximo e chego a mostrá-lo?
- Dei maus conselhos ou maus exemplos?
- Escandalizei o meu próximo e muito especialmente as crianças?
- Estou disposto a pedir desculpa das ofensas que fiz?
- Ridicularizei os outros, critiquei-os, ofendi a sua honra ou a sua fama e o seu bom-nome?
- Tenho respeitado as leis do trânsito , ou conduzo com imprudência?

6º e 9º Mandamentos – Guardar castidade nas palavras e nas obras.

- Cometi acções desonestas sozinho ou com outra pessoas? De que sexo? Era parente? Era livre? Era criança? Ou adulto?
- Disse palavras indecentes ou fiz gestos desonestos?
- Comecei ou mantive conversas indecentes?
- Li ou escrevi indecências?
- Assisti a espectáculos imorais?
- Incitei outros a ler livros ou folhas pornográficas, ou a ver espectáculos desonestos ou imorais?
- Fui a casas de má nota? Vou lá com frequência? Incitei outros a frequentá-las?
- Tenho provocado por palavras ou gestos pessoas de outro sexo?
- Tenho respeitado as leis cristãs do namoro?
- Tenho consentido em pensamentos e desejos contra a castidade?
- Cultivo amizades perigosas para a virtude da castidade?
- Tenho evitado as ocasiões de pecar neste capítulo, evitando conversas, leituras, espectáculos, certas frequências perigosas e excessos de comida ou bebida, etc?
- Se sou casado, respeitei as sacrossantas leis do matrimónio?
- Fui fiel. Nos pensamentos, palavras e obras ao outro cônjuge?
- Provoquei, consenti ou aconselhei algum aborto?
- Impedi ou permiti fosse impedida directamente a concepção?

(Como esta matéria é muito melindrosa, convém que peças ao confessor que te ajude para que não fiques com a consciência sobrecarregada).


7º e 10º Mandamentos – Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo)

- Tirei alguma coisa a alguém, ou ao serviço ou empresa onde trabalho?
- Consenti ou aconselhei que outros o fizessem?
- Fui conscientemente guarda ou ocultador de coisas roubadas ou de pessoas culpadas neste ponto?
- Guardei em meio proveito ou estraguei coisas que me não pertenciam?
- Enganei o meu próximo? Prejudiquei-o nos seus direitos?
- Paguei em devido tempo as minhas dívidas?
- Restitui o que não era meu?
- Deixei-me subornar ou subornei outros?


8º Mandamento – Não levantar falsos testemunhos ( nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo).


- Menti deliberadamente? Em assuntos graves ou leves?
- Fi-lo prejudicando os direitos ou interesses dos outros, ou apenas para me desculpar?
- Fiz juízos temerários?
- Disse mal do próximo? Critiquei injustamente ou de ânimo leve os meus superiores e as suas ordens?
- Critiquei com azedume e sem motivo justo?
- Revelei sem graves razões faltas ou defeitos do próximo?
- Levantei falsos testemunhos ou calúnias?
- Fiz insinuações desagradáveis?
- Lancei suspeitas infundadas?
- Murmurei ou favoreci a murmuração?
- Revelei segredos que me foram confiados?
- Li cartas que não me eram dirigidas sem licença dos seus destinatários?
- Escutei propositadamente conversas particulares? E, se por acaso as ouvi, guardei o devido segredo?
- Deixei de restituir a fama aos outros, podendo fazê-lo?
- Tive o cuidado de impedir a má-língua?






Mandamentos da Santa Madre Igreja

1º Mandamento – Ouvir Missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos domingos e festas de guarda.

(incluído no 3º Mandamento da Lei de Deus).

2º Mandamento – Confessar-se ao menos uma vez cada ano.
- Cumpri este preceito? E cumpri-o bem?
Fiz com seriedade o necessário exame de consciência? Procurei ter dor de haver ofendido a Deus? Propus-me com firmeza de vontade emendar a minha vida?

(Sem contrição ou sem sincero desejo de emenda, não há perdão!)

- Fui completo na minha última confissão?
- E nas anteriores?
- Declarei o número de pecados mortais que cometi?
- Omiti alguma falta por vergonha? Ou por esquecimento?
- Cumpri a penitência que me foi imposta?

(A respeito deste mandamento, medita de novo, se tiveres alguma dúvida, o que atrás está escrito)

3º Mandamento – Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.

- Cumpri este dever de todo o cristão?
- Cumpri-o com as necessárias disposições?
- Cumpri-o em devido tempo, isto é, na quadra pascal? Se não, porquê?
- Procurei comungar depois?
- Comunguei por motivos humanos, por exemplo, para agradar aos superiores?
- Comunguei com a alma em estado de pecado mortal, cometendo assim um grande sacrilégio?
- Comunguei mais vezes durante o ano?
- Recorri a este Santo Sacramento com a devida frequência, para me unir mais e mais com o Senhor e para me fortalecer para a luta contra o mal?

4º Mandamento – Guardar abstinência e jejuar nos dias preceituados pela Igreja

- Uni-me a toda a Cristandade na prática do jejum e da abstinência nos dias preceituados? Ou deixei de o fazer sem licença do confessor ou pároco e sem razões justificativas?
- Usei dos privilégios da Bula não a tendo e não sendo pobre?
- Procurei fazer esta penitência e outras com o devido espírito de união à Paixão de Cristo, para redenção dos meus pecados e dos pecados do mundo; para satisfação da justiça e do amor de Deus?


5º Mandamento – Contribuir para as despesas do culto e para a sustentação do clero, segundo os legítimos usos e costumes e as determinações da Igreja.

- Tenho contribuído consoante as minhas posses para as obras do culto, de caridade e de apostolado da minha igreja paroquial e da Igreja Universal?
- Tenho contribuído para a sustentação do clero?
- Tenho auxiliado os meus irmãos pobrezinhos?
- Tenho auxiliado as missões pela oração e pela esmola?
- Tenho-as auxiliado com a minha acção?

Texto: Padre José Correia da Cunha

Fotos: Hospital da Marinha sito no Campo de Santa Clara, onde Padre Correia da Cunha foi Capelão durante largos anos.


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