quarta-feira, 19 de maio de 2010

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA

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Os amigos que partiram…


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IN MEMORIAM


Pe. José Diogo d’Orey Mousinho de Albuquerque de Mascarenhas Gaivão

1934-1980




PE. José Diogo d’Orey Mousinho de Albuquerque de Mascarenhas Gaivão nasceu na Praia da Rocha, no dia 11 de Outubro de 1934. Foi acolhido por seu amigo Padre Correia da Cunha na Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora onde exerceu as funções de seu coadjutor (de 1969 a 1973).

O Zé Diogo, estudante universitário do último ano do Curso de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, foi educado por uma mãe que ficara viúva com apenas 40 anos mas que possuía uma fé invulgar e entregava toda a sua vida ao serviço dos pobres da sua paróquia. De joelhos, implorava a Deus que lhe concedesse que um dos seus nove filhos tivesse como missão oferecer dignamente sobre o altar, o Santo Sacrifício da Eucaristia – acto que ela tão bem conhecia.

O Zé Diogo foi chamado por vocação (tardia) ao sacerdócio, tendo sido ordenado pelo Reverendíssimo D. Manuel II, Cardeal Patriarca de Lisboa, no dia 15 de Agosto do ano de 1960.

Recordo de um dia lhe ter ouvido: ‘’- Nasci para provocar a mais viva alegria e admiração à minha encantadora mãe ou de lhe gerar o maior desgosto…’’.

Não subiu o Zé Diogo apenas ao altar, com viria a falecer, com apenas 46 anos, como ministro sagrado na sua terra amada Oeiras, no dia 10 de Outubro de 1980.

Padre José Diogo almejava os valores da liberdade política e neles se empenhava com graves sacrifícios para a sua vida. Vivia ao serviço dos oprimidos pelo regime então vigente. Era um homem com elevada cultura política, muito sensível aos problemas dos mais pobres e desprotegidos. Tinha uma caridade enorme, que tudo dava tendo de viver uma vida de ‘’boémio’’.

O Padre Correia da Cunha nunca faltava com a sua palavra de conselho, orientação e carinho a este amigo, tal como nunca lhe recusava ajuda material.
O Padre José Diogo chegou muitas vezes a ser enclausurado nas instalações da Direcção Geral de Segurança, por ‘’ofensas’’ frontais que expressava contra o poder instituído, e o Padre Correia da Cunha sempre corria a ajudá-lo, restituindo-lhe a liberdade através da intervenção de vários dos seus amigos influentes.

O Padre José Diogo tinha uma grande paixão. Era o seu ‘’CASARÃO’’, em Oeiras, onde na companhia dos seus imensos primos, viveu momentos muito gratificantes de muita felicidade e alegria. Sentia-se, que quando se referia aquele local, os seus olhos sorriam e transbordava de imensa felicidade anterior. Creio que aquele local era uma saudável recordação.

A terminar transcrevo as seguintes palavras da sua prima Maria Teresa d’Orey Seabra Pereira de Sacadura Botte, sobre este grande padre.

O Zé Diogo disse:’’ Certamente vocês já se têm interrogado porque é que dentro de todos os primos fui eu, o mais frágil, a ser chamado por Deus, para o seu serviço. Encontrei a resposta e vou-la dar. Penso que o Senhor quer mostrar que apesar de eu ser o mais fraco, a Palavra d’Ele passa. ‘’.

É verdade querido ZÉ DIOGO, A PALAVRA PASSOU ATRAVÉS DE TI E FICOU NO CORAÇÃO DE MUITA GENTE QUE AINDA HOJE A RECORDA.

Deixo aqui, a todos os amigos vivos do Padre Zé Diogo, a oportunidade de prestarem a devida homenagem a este nosso e grande amigo de São Vicente de Fora, que mais do que Padre, teve um importante papel na formação política e cristã de muitos dos jovens da paróquia.

São Vicente de Fora guarda-o em seu coração! Deixou em todos muitas saudades.


RECEBEI, SENHOR, NO REINO DOS JUSTOS O NOSSO IRMÃO.














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segunda-feira, 10 de maio de 2010

PE. CORREIA DA CUNHA E O SEU PAPA

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‘’… Bendito… que vem em nome do Senhor! ’’





Na semana em que o Papa Bento XVI, sucessor de Pedro, visita este nobre povo de Portugal, gostaria de recordar que em 1967 o Papa Paulo VI esteve no Santuário de Fátima onde foi acolhido por uma monumental multidão de fiéis.


Padre Correia da Cunha sentiu-se muito feliz por essa visita que sua Santidade realizou no 50º aniversário das aparições de Fátima, ao seu amado país.


Padre Correia da Cunha tinha uma afeição muito especial por Paulo VI, como muitas vezes lhe ouvi referir: - ‘’Foi o grande homem do início da mudança, após o Concilio Vaticano II. Ainda hoje sentimos a lufada de ar fresco que introduziu na Igreja Católica. ‘’


Reafirmo que o Padre Correia da Cunha, como pároco de São Vicente de Fora, foi um grande inovador. Um homem que não se conformava com as liturgias ocas e sem sentido em latim. Lutava pelas mudanças e tudo fazia para arrastar os fiéis para uma participação activa e dinâmica na vida da Igreja. E sem dúvida Paulo VI era fonte de inspiração para essa nova caminhada da Igreja, numa nova Liturgia mais assimilada e vivida pelos crentes.


Paulo VI foi um homem brilhante de profunda espiritualidade, de trato gentil e reservado e de uma infinita cortesia. Paulo VI foi um dos que mais viajou, antes de João Paulo II, tendo sido o primeiro Papa a visitar os cinco continentes. Contudo sua grande colaboração foi o encaminhamento do Concílio Vaticano II e a profunda Reforma da Igreja e da Cúria Romana que ainda hoje não está concluída…


Homem de seu tempo, demonstra com a sua encíclica Populorum Progressio de 26 de Março de 1967 a sua preocupação com a questão do crescimento populacional no mundo e o modo de evitar desvios morais e doutrinais com relação ao modo como conter tal crescimento. Não menos importante é a sua Octogésima Adveniens de 1971. Destaca-se a sua célebre encíclica Humanae Vitae de 25 de Julho de 1968, sobre a regulação da natalidade e a exortação apostólica Evangelii Nuntiandi de 8 de Dezembro de 1975, em que aclama a salvação para todos os povos.


Papa Paulo VI, o papa da renovação e o peregrino, morreu em 6 de Agosto do ano de 1978. Pediu somente que o seu funeral fosse simples e não se erigisse nada sobre o seu túmulo.


Paulo VI foi efectivamente o grande obreiro da mudança que todos reconhecemos que transformaram profundamente as vivências da Igreja pós conciliar.


Padre Correia da Cunha afirmava que a Igreja precisava dela como de pão para a boca. Também Padre Correia da Cunha terá sido o grande impulsionador e porventura o grande agente que todos os católicos de São Vicente de Fora precisavam para se conciliarem com uma Igreja renovada.

Padre Correia da Cunha reafirmava como muita convicção permanentemente que: O Concílio Vaticano II ainda não foi cumprido, havia muito ainda por fazer… Apesar dos avanços que a Igreja tem feito de uma forma admirável, tem alguma dificuldade em aceitar o pluralismo...


Grande especialista em Liturgia, muito contribuiu para a sua renovação. Padre Correia da Cunha buscava um equilíbrio entre Ritos, procurando dessa forma que o mistério perene da Salvação fosse celebrado na língua portuguesa, com muita dignidade e postura. Aproveitava as celebrações dominicais, cuja participação da comunidade era muito considerável, como força impulsora da sua evangelização nesses tempos de mudanças. A terminar relembraria que Padre Correia da Cunha traduziu para português e comentou muitos livros litúrgicos até ali impressos em latim.

Obrigado Paulo VI pela visita em 1967.

Bem-vindo Bento XVI a Portugal no ano 2010!


A peregrinação do Santo Padre a Fátima é uma interpelação para nós. Maria que o Papa chama ‘’Estrela do Mar’, é aquela que acompanha a viagem de cada um de nós e de toda a Igreja, no mar da vida e da história. A visita do Papa Bento XVI a Portugal serve de estímulo para fortalecer a nossa Fé em comunhão com a nossa Mãe e Mãe da Igreja.

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

PE. CORREIA DA CUNHA E OS AFECTOS

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Carlos Jorge,... Pedro, Vitor Soares


"SOMOS FILHOS DAS PALAVRAS E DOS SINAIS QUE SE SENTEM…"


Mais do que uma herança este espaço pretende ser um local de afectos, que deseja partilhar testemunhos emocionados de um tempo inesquecível; um tempo de infância, adolescência e juventude, onde se viviam desventuras e onde muitos de nós acabaram por crescer e se desenvolver envoltos de um espírito de solidariedade fraterna. O pródigo Padre Correia da Cunha ensinava-nos a partilharmos uma verdadeira e sã amizade entre irmãos. A felicidade humana para o Padre Correia da Cunha tinha que começar por aqueles que vivem ou convivem ao nosso lado, no dia-a-dia, e não em dissertações sócio filosóficas ou mudanças radicais do mundo.

Por isso, considero serem muito importantes os testemunhos vividos e sentidos emocionalmente por todos os jovenzinhos que na altura já se moviam por sérios ideais de serviço ao próximo. A estes é pedido que redescubram o encantador ambiente da Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, cujo objectivo era a construção de uma sociedade baseada no respeito pela pessoa humana enquanto filha de Deus.



Vítor, João Paulo Dias e Luís



Creio que com a vossa preciosa ajuda, tenho deixado bem patente o amor e a admiração que tínhamos a Padre Correia da Cunha, amigo e mestre empenhado no seu quotidiano e sempre pronto a contribuir para o nosso desenvolvimento de homens honrados e construtores de uma sociedade, onde imperassem os valores éticos e morais. Muitas vezes lhe ouvi comentar: - que ser Padre era estar incondicionalmente ao serviços dos outros, ainda mais do que escrupulosamente cumprir promessas que tolhem a liberdade da realização integral e em plenitude do ser humano. Era um homem livre e apenas prestava submissão a Deus e ao amor dos irmãos…

É por isso, que um homem como o Padre Correia da Cunha estará sempre na memória de todos, não só pelos seus invulgares conhecimentos e saberes como pela argúcia na vida, pela honestidade e integridade. Morreu deixando um imenso património de arte e humano mas sem uma única conta bancária.




João Paulo Dias e Vitor 




A nossa postura de bons cristãos e cidadãos deve-se sem dúvida à observação da sua entrega de vida e dos muitos testemunhos que eram repletos de emoções e de salutares sentimentos humanos e cristãos.

Os inesquecíveis momentos de fraterna confraternização que o Padre Correia da Cunha nos proporcionava nos eventos litúrgicos, nas festas de camaradagem (jogos de futebol e bailaricos), nos passeios, nos arraiais populares, nas idas às praias e piscinas são verdadeiramente reveladores de um tempo de muita comoção, onde a catequese da solidariedade e do respeito pelo próximo estavam sempre muito presentes.

São fotos desses meninos doutrinados na Comunidade Paroquial de São Vicente de Fora, conduzida pelo Padre Correia da Cunha, sob a acção do Espírito Santo, que hoje publico neste post. Foram crescendo, entre outras crianças e entre adultos que eram referências, uma vida plena de emoções e de sentimentos. É esse tempo passado que deixou marcas, que não podemos nem queremos apagar. Espero pelo teu testemunho…
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