terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA – NATAL É LUZ

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(Presépio do ano 1964 - São Vicente de Fora)

“E O VERBO FEZ SE CARNE, HABITOU ENTRE NÓS…”

O Natal simboliza a luz e a luz sempre deverá ser representada pela imagem de um recém-nascido.
Jesus foi o exemplo da humildade e da fraternidade, lição sublime, torpemente abandonada pela humanidade. Mas, por todo o mundo cristão, as visões evocadas do Natal estarão sempre ligadas àquela estrela do estábulo singelo, onde nasceu JESUS (símbolo de Cristo como Luz do Mundo).

O Padre Correia da Cunha teve como professor, no Seminário dos Olivais, um dos maiores expoentes da Liturgia em Portugal: Monsenhor Pereira dos Reis (Reitor do Seminário dos Olivais). O seu saber e o espírito deste grande mestre da liturgia foram, sem dúvida, bem absorvidos pelos seus discípulos.


Não se cansava o Padre Correia da Cunha de nos falar sobre a liturgia do Natal, recordando-nos as muitas estórias coloridas dos costumes portugueses desta quadra, apreendidas com esse seu adorável e saudoso educador.





(Direcção da Catequese ano 1966)



Reunidas todas as crianças, junto do presépio e da vistosa árvore de Natal, que anualmente se faziam na Paróquia de São Vicente de Fora, aproveitava o Padre Correia da Cunha para contar de uma forma poética e atraente, o costume de utilizarem o pinheiro, não para árvore de Natal, guarnecida de prendas, mas como facho de Luz, chamando todos os fiéis à missa do galo.


Espetava-se um grandioso pinheiro junto da Igreja, no largo fronteiro à porta; rodeava-se o tronco de vides secas e de tojo e perto da hora da missa lançava-se-lhe  fogo, e a gente dos lugares e aldeias via este farol, guiando-os até junto da porta do templo, para a missa da meia-noite.


E vinham todos, de longe ou de perto, pela noite fria, adorar o Menino Jesus, como os pastores de Belém, guiados por aquela enorme estrela do humilde estábulo, onde nasceu JESUS.


Nos tempos difíceis que estamos a viver, bom é que a Luz da fé nos chame junto de Jesus Menino para que dê mais verdade, justiça e amor na terra aos homens de boa vontade.


Que Ele seja archote aceso! Todos o vejamos e nos deixemos guiar na procura d’Aquele que sonhava com a igualdade dos sentimentos humanos, procurando atenuar os impulsos brutais da vida.



Escrevia o Padre Correia da Cunha: “ Que todos aqui junto do presépio, possamos sentir a doce paz da família, não só pelos nossos, que pelos laços do coração e do sangue nos pertencem, mas por todos aqueles que se abeiram e sejam para nós cristãmente irmãos”.


Que o pinheiro das nossas casas desperte em nossas almas as emoções de sentimentos cristãos e seja uma auréola de Luz, em torno do nosso ser, inundando as nossas almas de raios divinos.


O doce menino candidamente deitado no seu berço pobre, que ilumine todos… O Verbo que se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14)


“ Natal é a festa da reconciliação de Deus com a Humanidade!” PCC


Santo Natal!













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sábado, 8 de dezembro de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA – 8 DEZEMBRO

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ÀS MÃES PORTUGUESAS

 

 


 

Para o Padre Correia da Cunha, 8 de Dezembro era o dia de prestarmos uma profunda, justa e respeitosa homenagem à Imaculada Padroeira da Nação-Nossa Senhora da Conceição.

 

Contudo, este aproveitava também o ensejo para se curvar diante da efeméride que assinalava o Dia da Mãe (pois para ele o dia da mãe sempre foi e continuava a ser nesta data).

 

Renovemos hoje a nossa homenagem de todos os anos no Dia da Mãe. E neste dia especial, como era para o Padre Correia da Cunha, redobramos o respeito e o carinho que lhe dedicamos todos os dias, em reconhecimento aos seus desvelos e ao seu amor. Deus proteja todas as mães deste belo Portugal.

 
 

Dia da Mãe deveria ser todos os dias, todas as horas, todos os momentos… pois tudo o que somos se deve em muito às nossas magníficas e abençoadas mães. Envolvidos pela ganância e cegueira desta vida, por vezes esquecemos o odor da herança recebida delas: a beleza da virtude, o primado da justiça e a infinidade do amor.

 

Recordo, que em todos os acompanhamentos fúnebres que efectuava ao Cemitério do Alto de São João, o Padre Correia da Cunha aproveitava para lembrar a sua mãe ali depositada com esta bela oração:


“ Meu Deus, esqueço um momento as boas acções de minha mãe, pelas quais alegremente vos dou graças, para vos pedir perdão dos seus pecados.

Sei que ela praticou misericórdia e que perdoou de coração as faltas contra ela cometidas. Perdoai-lhe, Senhor, Perdoai-lhe. Perto do dia da sua morte, minha mãe mostrou apenas desejo de que eu a lembrasse junto do Vosso Altar.

Assim, o desejo último de minha mãe será mais copiosamente cumprido, com as orações de todos aqui presentes, do que fosse somente com as minhas.”

 

Todos os presentes eram convidados a rezar uma Ave-Maria e um Pais-Nosso por todas as Mães Portuguesas vivas ou que já tivessem partido ao encontro com o PAI ETERNO.


Aproveitemos esta linda data para rezarmos e implorar a protecção de Nossa Senhora da Conceição (Padroeira de Portugal) por todas as mães de Portugal.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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sábado, 1 de dezembro de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA – 1º DEZEMBRO







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PE. CORREIA DA CUNHA

"UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL
PALAVRAS"








Posso afirmar, com toda a verdade, que desde a minha chegada ao convívio com o Padre Correia da Cunha – Pároco de São Vicente de Fora, nunca tive conhecimento da sua passagem, como assistente religioso da Mocidade Portuguesa, nos seus primeiros anos de sacerdote. Por aquela altura, o jovem sacerdote não teria ainda trinta anos.



Sem paixão, não teria aceitado um múnus que lhe impusesse tanto sacrifício. Seja como for, não devemos esconder as memórias do passado, mesmo as memórias de tempos considerados mais obscuros (mas obviamente com alguns aspectos positivos como não poderá deixar de ser) dos anos de acérrimo nacionalismo. Portugal e Humanidade! Era a sacrossanta divisa a gravar nos corações que despontavam para a vida!



Ainda me recordo de na Avenida da Liberdade, no primeiro dia de Dezembro, desfilar orgulhosamente marchando ao som das cornetas e dos tambores, na minha farda verde e caqui, de lusito e de todos seguirmos com os olhos e o coração a sublime bandeira portuguesa.


O primeiro dia de Dezembro, data da Restauração da Independência Nacional e da Mocidade Portuguesa, era celebrado com grande solenidade, entusiasmo e elevação, junto do grandioso monumento dos Restauradores. Em volta do obelisco, havia uma guarda de honra, com todo o garbo e aprumo, constituída por alunos aspirantes da armada, cadetes da escola militar, colégio militar e pupilos do exército com os respectivos estandartes.







Tornar vivas estas memórias deve ser entendido como um acto de civismo. É preciso não esquecer que naquele tempo era obrigatória a filiação na Mocidade Portuguesa. O espírito dos líderes da Nação era formar os rapazes e raparigas no sentido da vocação histórica de Portugal, com exemplos de que é fecunda a História, exemplos e sacrifícios, patriotismo, abnegação, valentia, sentimento de dignidade própria e respeito absoluto pelas glórias do passado. Não vacilo em dizer que estávamos demasiadamente presos à memória dos nossos majestosos heróis venerados com extraordinária e grandiosa devoção.


O Padre Correia da Cunha tinha bem presente as excepcionais qualidades da juventude, e como bom mestre, procurava passar a mensagem, que pelas suas mãos dependia o engrandecimento de Portugal na entrega ao trabalho, verdade e ao próximo.


Compreendendo hoje que, na época da fundação da Mocidade Portuguesa, o Padre Correia da Cunha procurava através desta instituição criar um homem novo, um novo cidadão completamente moldado para viver um «espírito nacional» no amor a Deus e ao próximo.


Onde quer que a sua missão o tivesse levado, o Padre Correia da Cunha despertava as mais vivas simpatias. Recordo que no primeiro de Dezembro do ano de 1942, no TE DEUM, celebrado na Catedral de Lisboa, e presidido pelo beneficiado Ramos Ferreira e acolitado pelos Reverendos Ruela e Canuto, o Padre Correia da Cunha pronunciou uma verdadeira e histórica alocução.




No transepto, tomavam lugar os Srs. Almirante Botelho de Sousa, General Pereira Coutinho, Cap. Mar e Guerra Nuno Brion, Coronéis Linhares de Lima, Pestana de Vasconcelos, Lopes Mateus Viana e familiares dos conjurados de 1640, Condes de Almada, da Azambuja, de Belmonte e de Lagos, Marquês de Rio Maior e D. Nuno de Noronha.


Esse discurso foi publicado em várias brochuras editadas pela Mocidade Portuguesa. Lanço o desafio a quem disponha desta peça literária, que a faça chegar até nós para sua publicação neste blogue. Todos poderíamos compreender melhor o pensamento de Padre Correia da Cunha na sua missão de assistente religioso da Mocidade Portuguesa.








Esta organização juvenil foi criada para servir os mais elevados ideais da Pátria. Mas durante muitos longos anos muito fez em prol das actividades educativas da juventude portuguesa. E em muitos domínios foi verdadeiramente percursora.


Esquecer tudo quanto de positivo se fez no desenvolvimento físico, intelectual e religioso da juventude é uma injustiça. Creio que ainda hoje haverá muitos que não se envergonham de terem participado nas muitas actividades de caracter desportivo e espiritual que MP promovia no âmbito das suas competências.


Para o Padre Correia da Cunha trabalhar apaixonadamente pela generosa juventude do seu país era uma das exigências da sua vocação sacerdotal, ensinando a viver o amor a Deus e ao semelhante através de uma activa e vigilante valorização pessoal, que permitisse a cada um cumprir em plenitude a sua verdadeira missão.


Não se podia dar ao luxo de criar divisões porque todo o jovem merece ser ajudado no seu desenvolvimento humano e cristão. A sua tarefa era ampla, infinita para uma mocidade radiosa formada no sentido da vocação histórica de Portugal cuja História era assente no respeito dos mais nobres e gloriosos valores humanos.


O Dia 1 de Dezembro é o mais antigo feriado cívico português, que une toda a Nação Portuguesa, em torno da sua Bandeira, do seu Hino, da sua História e cuja Instituição Histórica evoca a Restauração da Independência Nacional. É um mau caminho apagar esta data nacional que a História e o Povo consagrou como Instituição Memorável.



















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domingo, 18 de novembro de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA E O SEU SACRISTÃO








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“ NÃO LHE FALTAVA SENSIBILIDADE
HUMANA, LITÚRGICA E CRISTÃ.”
Foi nos inícios dos anos sessenta que um minhoto de fibra, simplório e habituado à intensa e singela paisagem provinciana foi admitido pelo recém empossado Pároco - Padre José Correia da Cunha, para a nobre função de sacristão da Comunidade de São Vicente de Fora.
Ninguém dá importância ao sacristão. Mas este, pela missão discreta que desempenha, é fundamental para o decisivo funcionamento da vida da igreja e para o desenrolar das celebrações litúrgicas.
ABEL VARELA (1925-2013). Por muitos anos que eu viva não posso esquecer este homem e manifestar aqui a minha profunda admiração pelo seu ministério, que exerceu com todo zelo na Paróquia de São Vicente de Fora.
Era ele que abria as portas da igreja, preparava os paramentos, adornava o altar e credência, o pão e o vinho, a água, o turíbulo e o incenso, e as demais tarefas para que não houvesse nenhuma improvisação no momento.
É, com efeito, um ofício importante e discreto; o Padre Correia da Cunha possuía a mais alta confiança neste seu dedicado colaborador. Ele assumia a responsabilidade pela gestão de todo dinheiro disponibilizado pelas esmolas, ofertas, tributos e emolumentos da paróquia, dado o manifesto desinteresse do Padre Correia do Cunha por este bem temporal.

Estava igualmente a seu cargo a manutenção, limpeza e asseio do templo, assim com a conservação das alfaias, paramentos, livros… e manter bem viva a chama do sacrário.





Não há muito tempo, Abel Varela (1925-2013) confessava-me com suprema confidência da sua experiencia e conhecimento: Tudo dever ao saudoso Padre Correia da Cunha. Ele foi para si um pai. Atrevo-me a afirmar que pela dedicação, entrega e fidelidade ao seu pároco, o Padre Correia da Cunha também o considerava um fiel discípulo. 

Não hesito em afirmar que o Padre Correia da Cunha tinha uma particular confraternização para com este seu leal colaborador e possuía um nobre sentimento para com o Abel Varela, desejando para ele o que desejava para si próprio.

A formação litúrgica para o cabal desempenho das suas atribuições era permanente, pois como é sabido, ele era o principal defensor do património e bens da igreja, estava diariamente atento à limpeza, ornamentação e asseio, para assim reverenciar que tudo naquele magnífico espaço manifestasse amor para com Deus e fosse sinal de piedosa festa e alegria para o povo do Senhor.

O destino de um bom mestre é ensinar. Era o traço primordial do Padre Correia da Cunha. Para este discípulo o prior era o símbolo da magna sabedoria, que foi espargindo sobre ele ao longo dos 17 anos em que o acompanhou.

O Padre Correia da Cunha também não se cansava de agradecer a Deus esta bênção celeste de contar com tão dedicado sacristão que desempenhava as tarefas com elevada maturidade, sentido de responsabilidade, pontualidade e honestidade, pelo que merecia a sua desmedida confiança assim como a de todos os paroquianos que frequentavam aquele lugar sagrado.



Cooperava com total entrega com os meninos do coro, acólitos, leitores, cantores, escuteiros, sacerdotes e zeladoras das obras apostólicas. Mas o bom gosto no embelezamento dos altares, levava-o, quantas vezes, a repor por completo os arranjos florais, pois entendia ele, que só a sua apurada sensibilidade efectivamente era adequada para a correcta disposição no espaço litúrgico.


Um sacristão não pode ser um simples funcionário. Tem que ser um verdadeiro apaixonado daqueles espaços consagrados e viver numa entrega total à sua Comunidade. Ser paciente, compreensivo e transmitir uma natural tranquilidade e alegria numa viva fé incarnada.

Abel Varela tinha bem presente que as pessoas que se deslocam à igreja o faziam para um encontro verdadeiro e profundo com DEUS. Era sua preocupação que todos sentissem naquele espaço um silêncio absoluto e uma simpatia do zelador que os acolhia com toda a cortesia.

Abel Varela, o sacristão que hoje aqui recordo não se limitava a acender e apagar velas, realizava um precioso apostolado pois era o primeiro no acolhimento e a marcar o sinal da comunidade, em nome do Padre Correia da Cunha, que era: total disponibilidade para servir os irmãos. Foi com esse grande Mestre que Abel Varela cultivou o bom gosto e o tratamento no acolhimento dos paroquianos de São Vicente de Fora.

O Abel Varela marcou uma importante época nesta Paróquia. Está mais velho e os seus gestos mais demorados. Mas a alma ainda é a mesma. Sempre revestido com a sua modéstia imagem do seu elevado espírito.

O seu perfil inconfundível ainda surge nas minhas recordações. Sei que não tomará conhecimento desta minha singela homenagem, mas senti-me na obrigação de enaltecer a grandeza deste grande colaborador do Padre Correia da Cunha na Igreja de São Vicente de Fora (1960-1977).

Amigo Abel um grande abraço!
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

ALA DOS AMIGOS DE PE. CORREIA DA CUNHA







Os amigos que partiram…
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IN MEMORIAM


PADRE JOÃO JOSÉ SARAIVA DIOGO

1920-1974


PADRE JOÃO JOSÉ SARAIVA DIOGO  nasceu na freguesia de São Vicente da Beira (Guarda), no dia 14 de Abril do ano de 1920, tendo recebido a ordem presbiteral no dia 29 de Junho de 1943, na Sé Patriarcal de Lisboa, ministrada pelo Revdmº Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel II Gonçalves Cerejeira.

Recordo que foi nos anos cinquenta, que o Rev. Mons. Amílcar Amaral (1919-1990), após nomeação do Episcopado Português (1952), instala na ala sul do Mosteiro de São Vicente de Fora, o recém-criado Secretariado Nacional da Catequese (29 Março 1949). Os Catecismos Nacionais em 4 volumes, que visavam a preparação para os sacramentos de iniciação cristã foram editados pelo Secretariado Nacional saídos da pena de Mons. Amílcar Amaral   e com ilustrações de Laura Costa. Hoje, este clérigo é reconhecido, como todo o mérito, a grande figura da Catequese em Portugal do século XX. 

Mons. Amílcar Amaral teve uma vida totalmente dedicada à obra da Catequese e foi, sem margem para dúvidas, com o seu dinamismo, o grande impulsionador e renovador da Catequese a nível nacional em meados do século passado. Vejo-o entregue a tempo inteiro, sem poupar esforços, sem reservar um minuto para si próprio.

O Padre João José Saraiva Diogo exerceu as funções de Director do Secretariado Diocesano da Catequese de Castelo Branco e Portalegre (1958) e foi professor de Pedagogia Catequética no Seminário Maior. Nos meados dos anos sessenta, conclui na Universidade Pontifícia de Salamanca o Curso de Catequética, após o qual é nomeado Director-Adjunto do Secretariado Nacional da Catequese, para colaborar com Monsenhor Amílcar Amaral, com direito a sucessão (o que vira acontecer em Setembro de 1970).

A chegada do Padre João Diogo à Paroquia de São Vicente de Fora - Lisboa, na qualidade de paroquiano , não podia ter melhor acolhimento. Rapidamente se integrou no ambiente juvenil ali existente e foi-se revelando como um enorme e verdadeiro amigo. Não podemos esquecer o carinho que nos dedicava. As suas lições de profundo e simples humanismo marcaram muito a mocidade de São Vicente de Fora. Eu que tive a felicidade de com ele privar mais de perto, não posso deixar de testemunhar sinais de um Homem e Sacerdote com invulgar estatura.

Em 1967, cria-se o ensino preparatório e mais tarde inicia-se uma profunda reforma do sistema educativo no país em que a disciplina de Educação Moral e Religiosa é a nova designação para a Religião Moral. Foram anos de árduo trabalho e muita dedicação do Padre João Diogo na elaboração dos novos programas a integrar no esquema curricular do ciclo preparatório do ensino secundário.

Quero aqui recordar um ofício (1972) assinado pelo então Ministro da Educação Nacional, Prof. Veiga Simão (1929-2014), dando conta da aprovação por seu despacho desse imenso e excelente  trabalho; agradecendo o elevado espírito de colaboração do Secretariado Nacional da Catequese.

O Padre João Diogo era recebido pelo Director Geral do Ensino Secundário - Dr. Rogério Fernandes com toda a delicadeza, pois era tido como um ímpar diplomata e com uma clareza e elegância nas suas exposições sobre a temática do ensino religioso nas escolas que marcaram para sempre, a memória de muitos dos altos funcionários dessa Direcção Geral.




Após o Concílio Vaticano II, pelos anos de 1968/1969, ocorreram profundas mudanças na maneira de compreender a catequese. O Padre João Diogo teve um grande empenhamento na constituição de equipas habilitadas no domínio da catequética, para a elaboração de novos catecismos que correspondessem aos desafios para a educação cristã e ao crescimento da fé das crianças e adolescentes.

O Padre João Diogo diariamente jantava no popular restaurante "Cambu" - sito no Largo da Graça, onde me juntei muitas vezes a ele, para conversarmos.

Fazia uma rigorosa leitura dos jornais vespertinos: Diário de Lisboa e República, ansiando que lhe trouxessem a notícia da queda do regime.

O seu coração teria irradiado de imensa alegria e felicidade se beneficiasse da contemplação e vivências da generosa Revolução dos Cravos (25 Abril 1974), ocorrida dois meses após o seu falecimento.

Muitas vezes me comentava que se podia ser liberal e católico sem contradição, nem confusão de ideias: "Deve ser liberal o que for sinceramente católico, porque os princípios da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade não foi a escola revolucionária que os criou, mas o Cristianismo".

O Padre João Diogo, acompanhado sempre da sua máquina fotográfica, dava grandes passeios aos sábados e domingos pela cidade de Lisboa e arredores para visitar e conhecer o imenso património. Era um estudioso e profundo conhecedor da história os nossos valiosos templos e monumentos.

Adorava conversar sobre as suas memórias passadas na Cidade de Portalegre, onde fora professor na Escola Industrial e no Colégio Diocesano; e nos falava das tertúlias na companhia dos muitos amigos e do seu escritor preferido e amigo, José Régio, homem de cultura, altíssimo poeta, ensaísta, dramaturgo, romancista, crítico, que realizou uma carreira notável de homem de letras da nossa Terra e no nosso tempo.
Foi pároco nas paróquias de Carreiras e Reguengos da Diocese de Portalegre e Castelo Branco.

O Padre Correia da Cunha jurisdicionava o bondoso Padre João Diogo para o substituir na Paróquia de São Vicente de Fora quando tinha que se ausentar por longos períodos de tempo, como sucedeu na viagem da entrega dos restos mortais de D. Pedro IV à Nação Brasileira em 1972. O lugar de prior ficava bem ocupado, pois sabíamos que o Padre João Diogo colaborava com a juventude "irreverente" nas suas actividades lúdicas. A vida deste adorável sacerdote era viver o amor na alegria e na bondade em pessoa.

O Padre Correia da Cunha bem sabia que este homem de grandes virtudes apostólicas e de uma forte sensibilidade humana era incapaz de não colaborar nas solicitações efectuadas em nome da sua paróquia. Cultivava por isso uma enorme simpatia e calor humano e rendia-lhe uma imensa simpatia, estima e respeito. Lembro que a sua prematura morte suscitou no Padre Correia da Cunha uma profunda dor e manifestação de apreço e muito respeito. Foi oferta do Padre Correia da Cunha a alva e o paramento de ricos dourados que envolveu o corpo do Padre João Diogo na sua mortalha e que ele reservava para a sua. Concedeu ao Padre João Saraiva Diogo honras de câmara ardente no transcepto do majestoso templo. Estas suas expressões reflectem bem a amizade que nutria por este santo homem.

Foi na manhã fria do dia 10 de Fevereiro do ano de 1974, que o seu corpo frio já sem vida, foi encontrado no chão do seu gabinete de trabalho, pela Senhora Dona Deolinda Lourenço, colaboradora desde os primórdios do Secretariado Nacional da Catequese no Paço de São Vicente de Fora. Aproveito para homenagear essa humaníssima figura memorável do SNC, pelo seu dinamismo e dedicação, que eu diria paixão. A sua missão era toda a gestão dos serviços administrativos daquela casa. Na minha memória ainda se liga uma amizade por essa devota Senhora que já partiu mas que dedicou uma vida inteira à causa da catequese.





A dor da notícia rapidamente se espalhou pelos vários Secretariados Diocesanos instalados na ala ocidental do Mosteiro. A mágoa era insuportável, apenas suscitava orações de encomendação pela sua alma e manifestações de muito apreço e afecto. Padre João Diogo deixava um espaço vazio, mas um novo espaço ocupava nos corações dos seus muitos amigos.

Seria ingrato esquecimento e culpável omissão nossa, não recordarmos este amigo que nos proporcionou imensos momentos de felicidade e muito contribuiu para o aperfeiçoamento da nossa formação humana e cristã.

Todos os que com ele conviveram lhe devem um tributo de agradecimento pois continua a ser padrão de testemunho indelével na construção de uma sociedade baseada nos princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

O funeral do Padre João Diogo congregou uma enorme multidão de clérigos vindos de todas as Dioceses do País e por um acto generoso do Revmº Cardeal Patriarca D. António Ribeiro o seu ataúde ficou depositado no Jazigo do Clero do Patriarcado de Lisboa, no cemitério do Alto de São João. Só anos mais tarde foi transladado para jazigo de família no Cemitério da Cidade de Castelo Branco.

Foi este notável apostolo da catequese que o Con. Dr. António Domingos Pereira, com a colaboração da Drª Maria Luísa Trincão de Paiva Boléo, substitui e bem soube perpetuar pela grande renovação e desenvolvimento que aportou à missão que lhe foi confiada: que  só através da educação cristã da infância e adolescência se constrói a realização integral do homem e da humanidade. O Secretariado Nacional da Catequese toma a nova designação de Secretariado Nacional para Educação Cristã da Infância e Adolescência (SNECIA).

São Vicente de Fora e em particular os jovens que com o Padre João Diogo conviveram guardam a sua memória com muitas e profundas saudades.

RECEBEI, SENHOR, NA GLÓRIA DO VOSSO REINO O NOSSO IRMÃO!


O Padre João Saraiva Diogo dorme, hoje um sono sagrado... uma vez que os bons homens nunca morrem. E ele era um Santo Homem.























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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA – UMA FLOR E UMA LÁGRIMA

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“ UMA FLOR…UMA LÁGRIMA DE
SAUDADE!”





Dia de finados. Dia em que mais do que nunca, são recordados os mortos, inspirando simultaneamente nos vivos, os sentimentos mais nobres e generosos.


 O  Padre Correia da Cunha considerava lastimável que só nestas ocasiões os homens se mostrem verdadeiramente humanizados, já que a maioria vive como se fossem imortais, fazendo do egoísmo e do desrespeito pelos outros seus irmãos o seu signo...











Na Comunidade de São Vicente de Fora o dia de finados adquiria uma profunda solenidade com evocações e respeitosas homenagens entre silencioso e recolhimento útil para reavivar o suave e magoado pungir da saudade.
A Paróquia era para o Padre Correia da Cunha a sua única “família” e nesse dia recordava os membros da família paroquial que já tinham partido ao encontro do Pai.

Hoje, neste dia festivo de finados é pretexto para evocar a lembrança saudosa da ALA DOS AMIGOS DO PADRE CORREIA DA CUNHA.

Uma flor – sobrevivência dos que deixaram latente em nosso espírito a lembrança indelével da sua passagem nesta comunidade paroquial e nos nossos corações:
Ana Themudo Barata, Natália Oliveira, António Geraldes Simões, João Paulo M. Dias, Hernâni Assunção, Gracindo Neves, Mons. Francisco Esteves, Pe. João Diogo, Pe. José Diogo, Manuel Themudo Barata, Casimiro Ferreira, Carlos Barradas, António Melo e Faro, Manuel Mourato Quaresma, Joao Perestrello de Vasconcelos, Irª. Gina, Ti’ Alice, Emilia Caldeira, Olga Violante, Abel Varela, Luís Quaresma, Joaquim Gomes da Silva …


Como lembraria o Padre Correia da Cunha: “ Mais uma vez, na roda perene dos anos, surge diante da nossa vida duvidosa, efeméride evocativa, aqueles que já cumpriram seus destinos neste império de egoísmo, em que cada vez se dá menos valor à vida humana”.


O Padre Correia da Cunha onde esteja será neste mundo lembrado no dia dos defuntos, como um amigo… E este dia festivo continuará sempre sendo o mais apropriado para interromper o seu repouso e realizar-se a oportuna aproximação entre a vida e a morte.
E, em memória de todos os entes queridos e amigos que já partiram, nós, os vivos, depositaremos nos seus sepulcros uma flor e um olhar saudoso.


















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