terça-feira, 1 de maio de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA – ALBÚM DE FOTOS

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«Soube despertar em todos nós sentimentos puros e ideias nobres. Um Mundo de compreensão e paz.»



Folhear os álbuns de fotografias do espólio do Padre Correia da Cunha é sempre uma forte e profunda emoção. Parece incrível como este pobre mundo se transforma, como mudam as pessoas e as coisas!
Tudo assombra e, ao mesmo tempo encanta, talvez pelo absurdo.
Aqueles e aquilo que pertenceu à vida que já não tivemos o prazer de conhecer, aceitamos sem grande espanto, pois estarão integradas perfeitamente no conceito das coisas “petrificadas” para a eternidade.
Agora aqueles e aquilo que ainda pertencem à vida (ou porque de alguma forma contactámos com eles ou porque convivemos no dia-a-dia), são difíceis de esquecermos e impossibilitarmos que entrem nas nossas cabeças, por mais que se queira. Eles pertencem ao nosso mundo independentemente de os termos apenas gravados nas páginas dos álbuns de fotos. 
Sou um dos muitos jovens que acompanharam Padre Correia da Cunha em infindáveis discussões, que se estendiam tantas vezes até ao romper da madrugada. Aqueles que como eu, com ele conviveram e o ouviram, não podem deixar de o imaginar naquele seu jeito tranquilo, cheio de firmeza e convicção que ninguém conseguia modificar.
Já há muito tempo nasceu em mim um forte sentimento, agora reforçado pela dedicatória a Padre Correia da Cunha que chegou às minhas mãos, onde é bem expressa a sua enorme inteligência e sensibilidade. Um modesto homem, que foi capelão da Armada e prior de uma pobre paróquia de Lisboa, e que serviu com elevado espírito, enorme glória e cultura, e um fervoroso sentido de serviço, a Deus e aos irmãos.




Queria hoje lançar um afectuoso pedido, a todos os que directamente o conheceram e com ele conviveram, assim como aqueles que o descobrem neste blogue: uma homenagem - In Memoriam de Padre José Correia da Cunha. Um singelo louvor a relembrá-lo numa simples página A4 com assinatura que permita a sua correcta digitalização.



Um simples texto pode descobrir todo o sentido, exprimindo o homem que queremos projectar pela sua vasta inteligência e cultura, numa confundível e imortal presença.

Nessas curtas linhas, lembro que deveremos apenas recordá-lo como um inesquecível amigo. Um homem simples que nos habituamos a ver na sua modéstia e enorme simpatia. Evocá-lo com respeito e veneração pois a sua figura ímpar de intelectual sempre o mereceu, tal como o seu espírito aberto, que era sensível a todas as manifestações inovadoras do seu tempo.

A Comunidade Paroquial e a Junta de Freguesia de São Vicente de Fora têm esquecido este Homem de grandes merecimentos, mas para homens com a têmpera do Padre Correia da Cunha morrer pouco importa; o importante é sobreviver em espírito. E ele estará hoje ainda mais vivo do que nunca se o quisermos imortalizar nesse nosso documento.

Herdei da sua biblioteca vários livros, um dos quais, do grande escritor José Régio: O «Príncipe com orelhas de burro». É desse romance que retiro palavras que poderiam ser suas: “Todos temos de morrer em vida, como o próprio mestre; E DEPOIS RESSUSCITAR. Ai de quem nunca morresse em vida, que estaria morto para sempre!”




Alguns felizmente, ainda pertencem a este mundo, mas encontram-se de momento a percorrer o caminho de ficarem nas páginas dos álbuns de fotos. Todos atravessamos, com desespero a vida, até porque são inevitáveis as nossas metamorfoses até aprendermos a viver com os nossos cabelos grisalhos, rugas e o sorriso de esperança….

O tempo não perdoa e vai pouco a pouco desgastando tudo que restava dos nossos verdes anos, que só um álbum de fotos ou um singelo texto podem fazer reviver perenemente.
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