segunda-feira, 2 de julho de 2012

PE. CORREIA DA CUNHA A ARTE E A MUSICA DE ORGÃO

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“A música daquele órgão eleva os nossos corações em louvor a Deus e à mais grandiosa beleza…”








Não há missão mais nobre e sublime na terra para um homem, que testemunhava a sua profunda fé ao Eterno, do que procurar levar aos seus irmãos paroquianos a música com toda a sua majestade e beleza.


Com muita satisfação, publico o seguinte artigo inédito do Padre Correia da Cunha, escrito no ano de 1969, sobre a arte e a música organística:


“O órgão não é só um instrumento de música, é também uma peça de arquitectura, pois pela sua grandeza, pelo seu estilo e pela sua estética.

Assim, cada país, no decurso dos séculos, cria um tipo de órgão que difere do país vizinho; e, neste domínio, é, sem dúvida, na península ibérica que surgem os órgãos mais característicos e mais diferenciados.

O órgão desta igreja (São Vicente de Fora), que resplandece com sua talha dourada e que nós nos deleitamos a ouvir é um dos mais belos do mundo e ainda, felizmente intacto, tal como o seu genial autor o concebeu há mais de duzentos e cinquenta anos.

É a mais bela jóia, representativa da arte organística portuguesa.

Para instrumentos de tal raça, escreveram os compositores hispano- portugueses uma música muito particular: os chamados TIENTOS ou TENTOS, profundos e brilhantes, e as BATALLAS cheias de surpreendentes efeitos e contrastes.

Desconhecidos durante muito tempo, esses músicos saem pouco a pouco da sombra. E a sua música impõe-se agora a um público curioso e apaixonado.

Em parte alguma, porém, essa música se pode apreciar melhor do que num órgão como este para o qual parece ter sido composta.

Como o seu vizinho ibérico, o órgão clássico francês é um instrumento muito colorido, concebido com um espírito decorativo.

Freinsberc-Cuilain, compositor francês completamente desconhecido, de quem quase nada se sabe, deixou obra que possibilitou o ensejo de conheceremos composições que eram habituais nos órgãos clássicos franceses.

Os Couperin, constituem a mais famosa família de organistas da época clássica francesa. Em pleno centro de Paris, perto da Catedral de Notre Dame, encontra-se a Igreja de S.Cervais. Foi aí que, no órgão que ainda existe, a família Couperin executou a sua arte.

Luís Couperin, o pai, compôs a Chacone em Fá maior, onde refrãos e couplets  se alteram,  e uma fantasia de um aspecto sumptuoso e decorativo.

Mas a minha homenagem vai sempre para J.S.Bach, o rei dos organistas, cuja sua música, alvejada por neste magnifico órgão é uma magnificência sem igual.”




A organização de concertos de órgão era bem reveladora do interesse que o Padre Correia da Cunha colocava na elevação do nível cultural dos seus paroquianos.

Naquela imponente Igreja de São Vicente de Fora, todos sentimos a sublimidade da boa música de órgão, o rei dos instrumentos, que nos cercava por todos os lados e nos elevava a alma ao mais profundo do belo.

O Padre Correia da Cunha não gostava de elogios pela sua total entrega a uma das suas maiores paixões que era a música erudita, que ouvia nas gravações dos melhores artistas do mundo, na sua aparelhagem estereofónica de marca QUAD, oferta do seu amigo do coração Rui Valentim de Carvalho. Durante a audição, desligava-se de tudo e todos os que o cercavam.






Curiosamente era um grato prazer para o Padre Correia da Cunha proporcionar Concertos de Música de Órgão com a apresentação de famosos artistas que vinham a Lisboa para brindar o público, amante da arte da boa música organística, com maravilhosos recitais.





Creio que era uma das suas secretas missões: utilizar a sua brilhante inteligência e sabedoria musical, para movimentar e apaixonar multidões, semeando nos seus corações a mensagem de Cristo.



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