A VIDA EM COMUM É UMA
ENTREGA
TOTAL!
O Padre Correia da Cunha possuía uma
grande experiência com jovens e procurava mostra-lhes os bons princípios morais
para um namoro e noivado que contribuíssem para a Glória de Deus e para a
formação de um lar cristão solido e alegre. É no namoro que se começa a
escrever uma história de amor que ambos querem edificar ao longo da vida e que
crescerá naturalmente através do amor e das alianças que jurarão ante Deus a
Comunidade Cristã.
O relacionamento no namoro deve
exaltar uma caminhada que deve ser vivida, num compromisso sério pleno de
responsabilidade. Lembrava o Padre Correia da Cunha que uma vida não pode ser
vivida de improvisos. Antes pelo contrário deve ser planeada e só assim haverá
um noivado suficientemente maduro e verdadeiro. Com a ajuda de ambas as famílias
dos noivos, estes devem ser capazes de aprender um com o outro no respeito pela
dignidade de cada um. Noivado é tempo de preparação e amadurecimento. Deve servir
para se examinarem mutuamente de forma a enfrentar e ultrapassar os obstáculos
e as dificuldades da vida conjugal; para depois não haver surpresas ou ser
tarde de mais…
Na foto seguinte uma dedicatória
da autoria do Padre Correia da Cunha. É um texto bem elaborado com letra bem
legível, datada de 22 de Abril do ano de 1961 para um casal amigo que nesse dia
contraíram o Sacramento do Matrimónio. Que desfrutem da felicidade tão sonhada
recebida na bênção daquele dia.
Texto do Padre Correia da Cunha
A respeito da indissolubilidade do matrimónio ficou, pois, assente que,
entre católicos, ela é uma das características fundamentais do casamento. Uma
vez unidos pelos laços do matrimónio, os esposos jamais poderão separar-se para
contrair outros laços matrimoniais. Homem e mulher ligam-se para construir uma
família, não para fazerem experiências sexuais.
Vem a propósito expor uma dificuldade que se apresenta com frequência.
Dizem muito (e alguns até cristãos, mas mal formados) que pode acontecer
o caso de os esposos algum tempo após o casamento verificarem a
incompatibilidade da vida em comum. Isto é; pode dar-se o caso de um
desentendimento grave, provocado pela oposição de feitios e até por falta grave
quer da mulher quer do marido.
A isto responderemos que:
a) O namoro e o noivado se não inventaram para
passatempo inútil ou mesmo pecaminoso, mas para que os namorados preparem o seu
futuro, procurando conhecer-se mutuamente, analisando-se os feitios, génios,
caracteres e suas qualidades e defeitos. Não deve passar-se tão precioso tempo em
cinemas, divertimentos ou coisas piores, mas num estudo sério das pessoas, suas
tendências, preocupações e gostos. Durante esse tempo, devem estudar-se também
os problemas económicos, morais e religioso da família, etc…
Se houver esta preocupação, é claro que
depois o casamento não será uma caixinha de surpresas mais ou menos agradáveis…
Antes que cases, olha o que fazes, diz a sabedoria do povo.
b) Quando, porém, essa incompatibilidade
surgisse, ou algum acto criminoso a provocasse, nem mesmo assim o divórcio
seria admissível não só pelo que ficou dito em anteriores capítulos, mas também
porque nunca se pode garantir que a segunda ou terceira experiência fosse mais
feliz do que a primeira. Pois, na verdade, quando se casou, o Senhor Fulano não
esperava senão felicidade e alegria. Apareceu-lhe a Cruz. Isto será motivo para
experimentar outra? E quem garante que a segunda não é pior que a primeira?
Onde é que isto ia parar!!!
Por outro lado, o divórcio, nos países em
que existe contribui
a) Para a inconsciência com que se procede à
realização do grande acto do casamento. Na verdade, se os noivos estão
convencidos de que se não se deram bem, podem cada qual ir para seu lado, para
quê pensar a sério em vencer as dificuldades da vida matrimonial?
b) Para a ruína da família. Quando o divórcio é
admitido pela lei, com facilidade, perante os espinhos da vida, se arranjam
motivos de incompatibilidade e se desmancham os lares.
c) E, por consequência, para ruina da
sociedade, visto que a família é a sua base.
Se não fosse massada grande para nós, seria interessante analisarmos
estatísticas. Mas fiquemos por aqui, que já chega. As verdades devem ser
aceites pela inteligência; os números só servem para confirmar o que aquela já
aprovou.
De toda esta breve exposição sobre o casamento, à luz de uma sã
filosofia natural e da doutrina católica, devemos tirar algumas consequências
sérias e profundas.
Umas a respeito da preparação do casamento.
Outra acerca da vida matrimonial.
1º - O casamento prepara-se pelo namoro e pelo noivado.
Sem se saber bem porquê, certo dia nasce no coração de dois jovens,
rapaz e rapariga, um sentimento indefinível de simpatia mútua. Procuram eles
vir à fala, primeiro a pretexto das coisas mais indiferentes, depois tratando assuntos
íntimos. É o namoro. Procuremos que desde logo a coisa seja a sério. Que os
pais da rapariga, bem como os do rapaz , tenham conhecimento do que se passa.
Averiguemos da posição social, da situação económica dum e d’outro.
Esclareçam-se intenções.
Estudem-se todos os aspectos da questão. E faça-se tudo isto com
delicadeza, amizade, fraqueza e com o conhecimento de quem os possa aconselhar,
como sejam, os pais, os amigos íntimos e, em especial, o sacerdote confessor
com quem se abre a alma.
2º Durante a vida de casados, não supor que a lua-de-mel é eterna. O
entusiasmo da paixão pode passar depressa, contanto que fique o perfume do amor
verdadeiro, pronto a sacrificar-se tanto mas grandes como nas pequeninas
coisas.
A vida de piedade, a formação moral e espiritual. A comunhão de almas e
de interesses, as confidências, numa palavra a vida em comum, á a garantia da
felicidade.
E não se julgue que a vida em comum se pode fazer sem toda aquela
comunhão de almas de que se acaba de falar. Não!
Não é vida em comum só quando se unem corpos numa cama ou à mesa, e
todas as preocupações espirituais, morais e até materiais se guardam
egoisticamente. A vida em comum é uma entrega total!
Para isso, só uma vida de oração e sacrifício pode dar forças bastantes.
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