UM ACTO DE LIBERDADE
No início de 2018, damos
continuidade ao curso de preparação para o matrimónio da autoria do Padre
Correia da Cunha. Estes textos são excelentes auxiliares de conselhos e
observações sobre esse contracto que, é como todos os contractos um acto
essencialmente livre e incoercível; assenta no consentimento livre, autónomo
e independente que levava o Padre Correia da Cunha a lembrar tantas vezes: “-
Só casa quem quer quando quer e
como quem quer.”
Mas esta liberdade absoluta em
que se baseia o contracto de casamento tem de ser entendida em termos talentosos –
o casamento é um contracto inteiramente livre quanto à sua celebração, mas não
devemos esquecer que o sacramento do matrimónio origina uma instituição, que se
rege pelas leis naturais que o homem não pode modificar.
Dizia o Padre Correia da Cunha
que era da maior importância os nubentes conhecerem e aprofundarem a doutrina
da Igreja acerca do matrimónio como fonte de graça. O sacramento é perene cujos
efeitos se prolongam por toda a vida dos cônjuges.
Importa que todos os cristãos que
se unirem pelo sacramento do matrimónio saibam aproveitar deste inapreciável tesouro,
fazendo da sua vida marital a sua via de santificação. Só assim chegarão a
viver, em toda a sua beleza e dignidade, o sublime ideal do grande sacramento que
é o matrimónio cristão.
Texto da autoria de Padre Correia da Cunha
LIBERDADE – A segunda condição de validade no matrimónio é o mútuo
consentimento. Tal é a doutrina do código de Direito Canónico (c.1081). Tal é
também a doutrina do direito natural: - O consentimento deve ser livre e não há
poder algum humano que possa suprir essa liberdade de consentimento.
Não é de estranhar, porém, que em antigas civilizações e, ainda hoje,
em povos não cristianizados, se dispense facilmente o consentimento livre da
mulher e o casamento se trate entre famílias como se fosse um negócio qualquer.
Isto só tem explicação no triste facto de se esquecerem os direitos humanos
onde não se aceita a lei de Cristo. É certo que só a pouco e pouco a Igreja
Católica conseguiu implantar esta doutrina.
Levou séculos para poder impô-la, baseando-se na igualdade de direitos
tanto do homem como da mulher.
Mas também se deu o mesmo a respeito da escravatura… que só os povos
bárbaros ainda hoje têm. Graças a Deus, entre nós já é doutrina aceite esta de
que a mulher é livre tal qual o homem.
Mas é bom não esquecer que, se ambos são livres, nem por isso devem por
de parte os conselhos e avisos de pessoas mais experimentadas e amigas, como os
pais e os párocos respectivos. É que há muitas coisas a considerar no
casamento: - em primeiro lugar o amor, a simpatia mútua, a decisão de abraçarem
uma vida em comum com todos os sacrifícios que essa vida exige, sendo um do
outro, sem do os dois dos filhos e sendo todos de Deus.
Depois: - a semelhança de feitio e génio entre os dois; a semelhança de
condições sociais; a semelhança de educação, etc…
Ora é fácil que muitas vezes os namorados se preocupem somente com as
questões sentimentais, e se esqueçam de averiguar se ambos se compreendem e
entendem quanto ao resto. Um sapateiro embora honrado, que case com uma
princesa, é claro que fará a vida negra à mulher, assim como ela o há-de
humilhar constantemente pela sua maneira de falar, de vestir e até por ele
passar a viver à custa dela e não do seu trabalho.
É claro que tal lar não pode ser feliz. Por isso mesmo antes que cases
olha o que fazes!
Escuta ta os conselhos e avisos dos teus melhores amigos e não te
deixes guiar só pela voz dos teus sentimentos amorosos que, às vezes, são
traiçoeiros como Judas. Às vezes são paixões e não amor… ela é bonita, jeitosa…
e não há outra razão. Pergunta também : Ela
é bem formada religiosa e moralmente? Ela tem qualidades de trabalho?
Não basta que ela diga que por tio é capaz de tudo. Ela sabe lavar a roupa,
esfregar a casa etc…
Nesse caso, se amanhã as necessidades da vida a obrigarem a isso, ela
será capaz de o fazer.
De modo que devemos assentar nisto:
Para o casamento é necessário o consentimento livre, e é de toda a
conveniência o conselho e avisos dos pais, amigos e do pároco ou confessor.
Pode pôr-se a questão de um nubente que, coagido, aceita o casamento
com a pessoa que não ama.
Como resolver-se o caso? E se depois de algum tempo começa a gostar
dessa pessoa?
Pense cada qual neste assunto e diga de sua justiça…
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